A construção da ferrovia Estrada de Ferro 118 irá interligar portos do Rio de Janeiro e Espírito SantoPaulo Dimas
Com 575 km de extensão, a EF-118 será a via de ligação ferroviária entre os municípios de Nova Iguaçu e Santa Leopoldina (ES), possibilitando ao estado do Rio se conectar à malha nacional e a importantes portos do país.
A concessão, no entanto, contempla apenas os 170 km entre o Porto do Açu, no litoral de São João da Barra, e o município capixaba de Anchieta, onde fica o Porto de Ubu. O trecho de 325 km entre o Porto do Açu e Nova Iguaçu, segundo o Ministério dos Transportes, está enquadrado como um “investimento contingente, a ser realizado pela concessionária através de decisão unilateral do poder concedente, mediante reequilíbrio econômico-financeiro do contrato”.
Em português claro, contingente diz respeito a tudo aquilo que pode ou não acontecer. Ou seja, não há nenhuma garantia de que a empresa que assumir a concessão da ferrovia implantará os 325 km restantes para a efetiva ligação entre Rio e Vitória.
Infelizmente, o histórico de concessões por aqui não conta a favor. Um exemplo é o contrato de concessão da BR-101 no trecho entre a Ponte Rio-Niterói e a divisa com o Espírito Santo, sob a responsabilidade da Arteris Fluminense. Obras importantes previstas no contrato assinado em 2008, como o Contorno de Campos, simplesmente não aconteceram – e correm o risco de ficar fora da proposta de readaptação e otimização do contrato, que está sendo elaborada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
No lado capixaba, a mobilização pela ferrovia é efetiva. Envolve a participação direta do Governo do Estado, que colocou a obra na lista de prioridades no campo da infraestrutura. Envolve também a Vale, que se responsabilizará pela construção do trecho da EF-118 entre Santa Leopoldina e Anchieta, como contrapartida pela prorrogação antecipada das suas ferrovias. A mineradora será uma grande beneficiada pela ligação entre o Espírito Santo e o Porto do Açu, pela porta que se abre para importações e exportações.
Ou as lideranças políticas e empresariais fluminenses se mobilizam com urgência ou o estado do Rio corre o risco de, mais uma vez, perder o trem da história.
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