Jardim São Benedito, em Campos: áreas verdes são fundamentais para a qualidade de vida nas cidadesCésar Ferreira
Em um mundo onde o concreto parece dominar a paisagem, as áreas verdes emergem como aliadas essenciais para combater os efeitos das mudanças climáticas e melhorar a qualidade de vida nas cidades. Parques, jardins, praças arborizadas e até mesmo telhados verdes são ferramentas poderosas para minimizar os danos causados pelo clima e contribuir para a redução do aquecimento global.
Visto que as cidades são grandes responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, que intensificam o aquecimento global, as áreas verdes atuam como "pulmões urbanos", absorvendo dióxido de carbono (CO₂) e liberando oxigênio. Uma única árvore adulta, por exemplo, pode absorver até 22 quilos de CO₂ por ano, além de filtrar poluentes do ar.
Além disso, a vegetação ajuda a regular a temperatura local, reduzindo o efeito das "ilhas de calor" — fenômeno comum em áreas urbanas, onde a concentração de asfalto e edifícios eleva a temperatura em até 10°C em comparação com zonas rurais. Árvores e plantas proporcionam sombreamento e liberam umidade no ar, criando microclimas mais amenos e confortáveis.
No novo planejamento urbano, ganha força a ideia central de que as cidades devem funcionar como uma "esponja", absorvendo, armazenando e reaproveitando a água da chuva, em vez de permitir que ela escoe superficialmente, causando alagamentos e sobrecarregando os sistemas de drenagem. A cidade-esponja prioriza a criação de áreas permeáveis, como parques, jardins, telhados verdes e pavimentos porosos, que permitem a infiltração da água no solo. Isso contrasta com as superfícies impermeáveis tradicionais, como asfalto e concreto, que impedem a absorção da água e aumentam o risco de enchentes.
Dá para fazer? Com certeza. Um bom exemplo vem de Medellín, na Colômbia. A cidade, que já foi associada à violência e à desigualdade social, reinventou-se por meio de um projeto inovador chamado "Corredores Verdes". Iniciado em 2016, o programa transformou 18 vias e 12 riachos em corredores ecológicos, com o plantio de milhares de árvores e plantas nativas. Esses corredores conectam parques, rios e áreas verdes, criando uma rede que reduz o calor urbano, melhora a biodiversidade e absorve poluentes do ar. Em apenas três anos, a temperatura em algumas áreas da cidade caiu até 2°C, e a qualidade do ar melhorou significativamente. Andar nas ruas deixou de ser penoso e se tornou um prazer; um hábito salutar de convivência entre as pessoas.
As áreas verdes não são um luxo, mas uma necessidade urgente em um mundo que enfrenta os desafios das mudanças climáticas e da urbanização desenfreada. Elas representam um investimento no futuro, garantindo cidades mais saudáveis, seguras e equilibradas. Em um momento em que o planeta pede socorro, cada árvore plantada e cada metro quadrado de grama preservado são passos certeiros em direção a um mundo mais sustentável. Afinal, cuidar da natureza é cuidar de nós mesmos.
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