Unidade de Processamento de Gás Natural do Complexo Boaventura: uma esperança se move para o Rio e o BrasilAgência gov
Complexo Boaventura: o despertar de um sonho
O antigo Comperj renasce com novo nome, bilhões em investimentos e a missão de impulsionar o refino e a autossuficiência energética do Brasil.
Há lugares que carregam promessas. Itaboraí é um deles. Por anos, o antigo Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) ficou ali, entre o concreto e o mato, como um gigante adormecido. Era a amarga lembrança de um projeto interrompido — de um sonho industrial que parecia ter ficado no passado. Agora, com o nome de Complexo de Energias Boaventura, esse mesmo gigante desperta com nova força, nova roupa e, principalmente, novo sentido.
A Petrobras decidiu reescrever a história. A estatal acaba de selar R$ 9,6 bilhões em contratos no complexo, com potencial de gerar 15 mil empregos diretos e um propósito que vai além das cifras: reduzir a dependência de derivados importados e reafirmar a capacidade brasileira de refinar o próprio futuro. As obras incluem cinco unidades de refino, entre elas duas inéditas na empresa, com nomes tão técnicos quanto ambiciosos — Desparafinação por Isomerização por Hidrogênio e Hidrocraqueamento Catalítico —, ambas dedicadas a produzir combustíveis mais limpos e lubrificantes mais duradouros.
Mas o que realmente impressiona é o que se move nas entrelinhas: a esperança de uma nova era para o estado do Rio de Janeiro e para o país. O Boaventura vai se integrar à Refinaria Duque de Caxias, formando um corredor energético que transformará o estado em um dos corações da indústria de refino nacional. Quando as válvulas começarem a girar, serão mais de 100 mil barris por dia de produtos de alto valor — diesel S-10, querosene de aviação, lubrificantes de Grupo II —, símbolos de uma economia que aprende a respirar com menos enxofre e mais consciência.
O reflexo se espalha: empregos, renda, conhecimento, tributos, orgulho. Depois de anos de espera, o canteiro volta a pulsar com máquinas, engenheiros e operários que enxergam, no horizonte de Itaboraí, mais do que torres metálicas — veem a volta da confiança em fazer grande. O Complexo Boaventura é, no fim das contas, sobre isso: sobre um país que decide acordar o seu gigante, refinar seu petróleo, seu destino e, quem sabe, até a própria esperança.

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