Milton Hang e o prefeito Wladimir Garotinho: a Havan escolheu Campos para sua primeira megaloja pós-pandemiaCésar Ferreira

A Havan escolheu Campos dos Goytacazes para construir seu primeiro empreendimento pós-pandemia de Covid-19. Será uma megaloja de 10 mil m² na entrada da cidade — resultado de um investimento superior a R$ 100 milhões, com impacto direto na economia local e a criação de mais de 200 empregos diretos. A confirmação foi feita na tarde desta segunda-feira (1º) ao prefeito Wladimir Garotinho pelo gerente de Expansão da rede, Milton Hang.
A decisão da Havan de instalar em Campos sua primeira grande loja após anos de retração e incertezas econômicas é um sinal importante. Em primeiro lugar, reforça o papel estratégico do município como referência no comércio varejista e em serviços. Nos últimos anos, Campos tem atraído investimentos de porte semelhante, impulsionados pelo mercado consumidor em expansão e pela posição de destaque que a cidade — hoje classificada pelo IBGE como de grande porte — passou a ocupar no norte do estado do Rio de Janeiro.
Em segundo lugar, o anúncio corrobora uma tese de doutorado do geógrafo e professor William Passos, defendida na UFRJ em março de 2023, que identifica um processo avançado de formação de uma nova metrópole no interior fluminense, composta por 1,3 milhão de habitantes e três capitais regionais: Campos dos Goytacazes, Macaé e Cabo Frio. De acordo com Passos, a integração entre os municípios da Bacia de Campos já atende parâmetros de metropolização definidos pelo IBGE, como a forte pendularidade (deslocamento diário de pessoas para estudo e trabalho) e um elevado índice de integração interna.
Na prática, isso significa que as 12 cidades da Bacia de Campos operam de forma articulada, cada uma contribuindo com seus potenciais. Campos se destaca pela infraestrutura diversificada, pelo comércio robusto, pelo conjunto de universidades e pelo complexo de saúde — público e privado — que mobiliza cerca de 10 mil profissionais. Macaé se mantém como grande geradora de empregos no setor de óleo e gás. Cabo Frio, por sua vez, desponta no turismo, atraindo visitantes da Região Metropolitana do Rio, cidades fluminenses e estados vizinhos.
Por fim, a chegada de mais um megainvestimento a Campos confirma a força de metodologias inovadoras para análise da economia, como é o caso do Índice de Dinâmica Local (Indel). Desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa Econômica do Estado do Rio de Janeiro (Nuperj), da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), o Indel oferece uma leitura mais dinâmica e contextualizada da vida econômica municipal do que indicadores tradicionais, como o PIB ou o IDH. Ele considera variáveis que traduzem melhor a realidade local — entre elas, investimento público, arrecadação sobre circulação de mercadorias e serviços, movimentação bancária, emprego e renda no comércio e a relação entre trabalho formal e benefícios sociais.
Os dados do Nuperj mostram que Campos possui um Índice de Dinâmica Local superior ao de municípios vizinhos — inclusive aqueles que abrigam grandes cadeias produtivas, como Macaé (óleo e gás) e São João da Barra (setor portuário). O estudo revela que milhares de trabalhadores atuam diariamente nesses polos, mas consomem em Campos, justamente a cidade que, segundo William Passos, se consolida como o principal centro de comércio e serviços da região.
A nova loja da Havan, portanto, não é uma aposta aventureira. Ela simboliza a confiança numa cidade que mostra sua força e seu dinamismo, e antecipa o futuro que Campos começou a construir às custas de muitos investimentos do setor público e privado. Que venham novos empreendimentos e novos empregos.