Ex-bailarina que acusa Ratinho de racismo pede R$ 2 milhões na JustiçaFoto: Reprodução/ SBT
Nos documentos, Ratinho e o SBT negam qualquer ato discriminatório e dizem que o episódio não passou de uma brincadeira típica do formato humorístico do programa. A defesa do apresentador afirma ainda que a própria bailarina teria dito inicialmente que não se sentiu ofendida, e acusa a autora de exagerar no valor da causa. Cíntia contesta, alegando que a situação ultrapassou todos os limites e que o constrangimento público não pode ser tratado como piada.
Os autos revelam que o juiz responsável pelo caso já deixou delimitado o que será analisado: se houve ou não conduta discriminatória, se Cíntia sofreu efetivamente dano moral e se é necessária retratação pública. A tentativa de conciliação chegou a ocorrer no CEJUSC, em julho de 2025, mas terminou sem acordo, empurrando o processo para a fase mais tensa.
Agora, a Justiça marcou uma audiência de instrução e julgamento para janeiro de 2026, em São Paulo. Ratinho, o SBT e as testemunhas indicadas terão de apresentar suas versões oficialmente diante do magistrado. A emissora, inclusive, foi intimada a comprovar o pagamento da remuneração do conciliador, sob risco de inscrição em dívida ativa.
Com a audiência marcada e a produção de provas liberada, o processo entra no momento mais decisivo. Será a partir dos depoimentos e da análise dos vídeos anexados que o juiz irá determinar se o que aconteceu foi um episódio de racismo, como sustenta a bailarina, ou apenas uma brincadeira mal interpretada, como insiste a defesa. A coluna seguirá acompanhando cada movimentação desse caso que promete dar muito o que falar.
Cíntia afirmou ter procurado a direção do programa na expectativa de um pedido de desculpas público, mas disse não ter recebido retorno. Após o episódio, relatou perceber “olhares hostis” nos corredores do SBT. Sem respaldo interno, decidiu pedir demissão e publicou um vídeo nas redes sociais detalhando o ocorrido.
Ratinho negou ser racista e citou ter funcionários negros há anos, como o personagem “Zé Pretinho”, para tentar justificar sua postura. A defesa foi rebatida por Cíntia, que afirmou que a presença de pessoas negras no convívio não torna ninguém antirracista e que o apresentador precisava de “letramento racial”.
Com a repercussão do caso, a bailarina relatou ainda ter sofrido ataques nas redes sociais e boicotes de empresas parceiras, episódios que, segundo ela, ocorreram após Ratinho apresentar sua versão em outra ocasião.

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