“Estávamos nos reunindo a cada 15 dias para ler o roteiro. Fizeram uma vídeo chamada com todos os envolvidos. Estava todo mundo ali se descontraindo. De repente minha imagem pra eles sumiu, eles achavam que eu não estava mais ouvindo. Aí um dos personagens falou assim: 'deixa que eu imito a Luisa'. E ele fez uma brincadeira me interpretando bem analfabeta, como eu sei que realmente sou, mas me senti mal. Entendo que era uma brincadeira normal, mas aquilo de alguma forma me fez mal, fiquei constrangida. Eu me senti constrangida em ver as pessoas rirem de mim ali daquela forma”, conta.
Luisa imediatamente avisou ao diretor que não iria mais querer participar. Segundo ela, o constrangimento de ter sido taxada como analfabeta por um membro da equipe e servir de chacota para todos os envolvidos na reunião era imenso e ela decidiu declinar o convite. Na entrevista, a ativista trans ainda informa que não teria cachê para participar da obra. Apesar da humilhação, Luisa diz que isso a motivou a procurar estudar para não ser mais motivo de chacota.
“Até das situações ruins eu tiro algo bom. Quando fui pra Brasília entrevistar [para o programa CQC] o então deputado Jair Bolsonaro, hoje presidente, ele, na frente de umas 10 pessoas, me disse: ‘Meu Deus, como você fede. Você tem cheiro de cigarro. Isso me motivou a parar de fumar”, lembra ela. Luisa desejou boa sorte para Léo, sua substituta e diz que, apesar do constrangimento que passou, deseja sucesso para o filme 'Vitrine Humana'. O filme tem ainda no elenco Babi Xavier, Gustavo Mendes e Leão Lobo.