Christian Figueiredo
Christian FigueiredoKevin Rocha/Divulgação
Por O Dia
Christian Figueiredo é youtuber, apresentador, ator, escritor de livros que já venderam mais de 700 mil cópias e também é o nosso entrevistado desta semana. Com mais de 11 milhões de seguidores, ele relembrou sua trajetória de 10 anos na internet, falou sobre a experiência de ser pai - que é tema do seu mais recente livro - contou como faz para evitar o "cancelamento" da internet e como lida com a exposição de sua vida pessoal. "Eu entendo que faz parte do lugar que eu escolhi ocupar". O influencer também respondeu se, assim como Pyong, toparia participar de um reality show. Será?
O seu primeiro canal começou em 2010, com o surgimento de outros grandes canais do Youtube no Brasil. De lá para cá, o que mudou na forma de produzir conteúdo para a internet? Está mais fácil ou mais difícil a vida de um youtuber?
Acho que as pessoas se profissionalizaram no Youtube. Essa é a maior diferença. Antes, lá atrás, os vídeos tinham uma pegada mais caseira. Era quase aquela máxima de uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. Agora os vídeos estão cada vez mais profissionais. Os canais investem mais na produção, edição, em todo o processo. E eu acho isso bom porque o público tem acesso a materiais de mais qualidade. Acho que aquela turma de 10 anos atrás incentivou uma galera a criar seus canais, a experimentar esse novo meio de comunicação. Eu não me vejo apenas como um youtuber porque, nesse período, eu fui explorando outras possibilidades artísticas. Eu fiz filme, teatro... Escrevi meus livros. O Youtube é mais uma parte do meu trabalho, mais um lugar onde posso me comunicar e criar conteúdo. Mas respondendo a sua pergunta, eu acho que o nível de exigência hoje é maior do que há 10 anos... Então quem está começando precisa se preparar mais.
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Você é youtuber, escritor, apresentador, ator... Mas de todas essas facetas profissionais, com qual delas você mais se identifica? Se pudesse escolher apenas uma, qual delas teria sua dedicação total?
Eu me vejo como um comunicador. Isso é o que eu gosto de fazer. Eu gosto de me comunicar, de criar diálogos, conversas. Agora nos 10 anos do meu canal, 'Eu fico Loko', eu o transformei em um programa em que faço entrevistas e estou gostando demais de criar esse diálogo. E me comunicar é o que busco em todas essas minhas facetas, seja como youtuber, escritor, apresentador, ator... Difícil escolher uma única coisa, porque eu sinto que é o conjunto delas que me faz feliz e realizado como profissional.
Estamos vivendo a 'era do cancelamento'. A internet é bastante atenta e crítica a tudo que é dito pelos influenciadores, principalmente. Você já foi cancelado alguma vez? Você toma algum tipo de precaução sobre isso na hora de produzir seu conteúdo?
Você não consegue agradar a todos na internet. Ainda mais porque tem pessoas que usam esse disfarce nas redes só para atacar e jogar ódio. Mas eu penso bastante nos conteúdos que produzo, principalmente porque eu quero que seja algo que atinja a todas as idades. Não quero lacrar para causar na internet (risos). Não é o meu objetivo. Eu quero seguir construindo uma história sólida e, para isso, eu me dedico mesmo. Não faço nada por fazer. Busco sempre um propósito para aquilo que estou criando e colocando na internet.
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Seus livros já venderam mais de 700 mil cópias. Qual o segredo de conquistar essa marca tão significativa, especialmente entre uma geração que costuma ler cada vez menos?
Eu fico muito feliz de saber que, de alguma forma, estou incentivando pessoas a lerem. Eu sempre gostei de ler e gosto muito de escrever. Meu novo livro 'Eu fico Loko... Vou ser pai' é um diário dos nove meses antes do nascimento do meu filho Gael. Escrever é uma terapia para mim. Nesse livro, por exemplo, eu divido as minhas angústias e os meus medos. Colocar um ser no mundo não é brincadeira. É uma parada muito séria. E eu me questionei sobre muitas coisas: o tipo de pai que eu quero ser, o tipo de legado que eu quero deixar, o que posso fazer para que meu filho tenha um mundo melhor... E, ao mesmo tempo, é a experiência mais significativa e importante da minha vida. Gael me transformou com a chegada dele. Ele está descobrindo o mundo e eu vou descobrindo junto. Isso é o maior barato.
Em seu primeiro livro, em 2015, você conta suas vivências como adolescente. Hoje, seu mais recente lançamento traz a experiência de ser pai. É fato que seus seguidores acompanharam todo o seu amadurecimento pessoal. Você acredita que esse público cresceu junto com você ou ele foi sendo reciclado ao longo desses anos?
Tenho os dois tipos de público. Tenho uma galera que me acompanha nesses 10 anos e que são mega fiéis e presentes. E eu conheço muito deles. E tem uma galera nova que chegou. E outras que estão chegando. Eu não sou mais aquele adolescente de 16 anos. Amadureci, eu me tornei profissional, construí a minha família... E isso tudo reflete nos vídeos que faço e na maneira como eu me comunico. Mas tenho o maior orgulho de ter uma turma que me segue nesses 10 anos.
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Enquanto alguns famosos tentam manter a vida pessoal em sigilo, para youtubers e influenciadores digitais, a vida costuma ser justamente o principal conteúdo. Em 10 anos de Youtube, você já experimentou algum lado negativo dessa exposição?
Não consigo ver um lado negativo mesmo. Como eu posso ver algo negativo que, na verdade, só me trouxe coisas boas. É claro que, quando falam algo muito invasivo ou que não seja verdade, isso é chato. Mas ok. Eu entendo que faz parte do lugar que eu escolhi ocupar. É preciso ter essa consciência e eu tenho. Acho que isso me tranquiliza, porque justamente tenho esse entendimento. Se tiver algo que eu precise corrigir, eu corrijo a informação e bola para frente (risos).
Muitos influencers são criticados por exporem seus filhos pequenos na internet. O embasamento dessas críticas viria do fato da criança não ter poder de escolha sobre a decisão dos pais de mostrá-la aos seus milhares de seguidores. O que você pensa sobre isso? Acredita que essa exposição pode vir a causar algum conflito para seu filho no futuro, quando ele tiver mais consciência do número imenso de pessoas que o conhecem desde o nascimento?
Gael é prioridade na minha vida e na vida da minha mulher. Por enquanto, dividimos fotos e as gracinhas dele, porque esse é um universo que nós estamos encantados e totalmente imersos. Mas se ele não quiser, não se sentir confortável, vamos respeitar o desejo dele. Eu acredito muito no diálogo e é isso o que eu quero ter com o meu filho. Sempre tive muito diálogo com meu pai, que é artista plástico e sempre me influenciou a arte na vida, aplicada na roupa, na tela, na comunicação.... ele sempre foi um artista. Meu pai me passou isso, e a vontade de pegar na câmera foi minha. Então, é algo que vem no sangue, de geração, uma essência dele que foi também passada para mim. Meus pais sempre tiveram uma boa comunicação comigo. Tudo muito aberto, com muita conversa. Compartilhamos vontades, angústias, medos. Trocávamos ideia todos os dias antes de jantar. Sem celular, apenas olho no olho. E como sempre houve isso, sempre foi tudo muito fácil. Tive com a minha família e quero passar para o Gael. Nossa relação será sempre aberta. Quero ser alguém com quem ele possa conversar, dividir desejos e angústias... Ser mesmo alguém com quem ele queria trocar.
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O seu livro relata o medo que você sentiu durante 'os 9 meses mais loucos da sua vida'. Você já se acostumou com a realidade de ser pai ou sente que essa insegurança sobre a paternidade permanece?
Não me vejo mais sem ser pai (risos). É até engraçado, porque, apesar de Gael só ter um ano, a sensação é de que eu sou pai há muito mais tempo. Tem dias que a insegurança aparece, porque a gente não tem todas as respostas. A gente acredita que está fazendo o melhor, mas nem sempre temos a certeza. Mas tudo o que eu faço é querendo o melhor dele. Esse é o princípio de tudo. E acho que os medos vão mudando. Você vai superando alguns e outros chegam. E vamos lidando com cada um deles
Quem é Christian Figueiredo?
Pai (risos). Marido. Comunicador. Artista. Inquieto. Empreendedor. Difícil falar sobre quem somos, mas eu gosto muito de quem eu me tornei, das escolhas que fiz, da família que construí, da carreira que trilhei até aqui. Mas sei que ainda estou em processo.
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Participaria de algum reality, como fez o Pyong?
Pergunta difícil! Não sei mesmo! Acho que seria muito difícil ficar longe da minha família. Mesmo! Pode ser reality sem confinamento? (risos).
O que significa ter 11 milhões de seguidores pra você?
Significa que eu consegui me comunicar e criar um diálogo com cada uma dessas pessoas. E isso me deixa muito feliz. Significa que todo o trabalho, todas as ideias, tudo o que passei, tudo valeu a pena.
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Que conselho você daria para quem quer ingressar na carreira de youtuber?
Não tenha pressa! Faça aquilo que você gosta. Crie um canal que tenha a ver com você. As pessoas sentem quando aquilo que você faz é de verdade. Quando existe paixão pelo o que você fala. Planeje bem também. Crie uma rotina. É um trabalho diário.
Como você se vê daqui a dez anos?
Ah! Eu quero ver meu filho feliz e bem. Quero estar criando e me comunicando com o público. Trabalhando muito, porque eu amo o que faço. Talvez Gael tenha irmãos (risos). Quero ter escrito mais livros... Tem tanta coisa que eu quero fazer. Mas se a vida seguir da maneira como tem sido, e eu sou muito grato por isso, vou estar bem daqui a 10 anos