Discernir é um ato muito importante, pois as escolhas constituem uma parte essencial da vida. Escolhemos uma comida, uma roupa, um percurso de estudos, um emprego, uma relação. Em tudo isso se realiza um projeto de vida e se concretiza a nossa relação com Deus. 
O discernimento exige esforço. Segundo a Bíblia, não encontramos diante de nós, já embalada, a vida que devemos viver. Devemos decidi-la continuamente, de acordo com as realidades que se apresentam. Deus nos convida a avaliar e a escolher: criou-nos livres e quer que exerçamos a nossa liberdade. Por isso, discernir é tão difícil.
No Evangelho, Jesus fala do discernimento com imagens tiradas da vida comum; por exemplo, descreve os pescadores que selecionam os peixes bons e descartam os maus; ou o comerciante que sabe identificar, entre muitas pérolas, a de maior valor. À luz desses exemplos, o discernimento se apresenta como um exercício de inteligência para reconhecer o momento favorável.
No juízo final, Deus fará um discernimento – um grande discernimento – em relação a nós. As imagens do pescador e do comerciante são exemplos do que acontece no Reino dos Céus, um Reino que se manifesta nas ações comuns da vida, que exigem uma tomada de posição.
O discernimento é então aquela reflexão da mente e do coração que devemos fazer antes de tomar uma decisão. O discernimento é árduo, mas indispensável para viver. Requer que eu me conheça, que saiba o que é bom para mim aqui e agora. Exige sobretudo uma relação filial com Deus. Deus é Pai e não nos deixa sozinhos, está sempre disposto a nos aconselhar, a nos encorajar, a nos acolher. Mas nunca impõe a sua vontade. Porque quer ser amado, não temido. E Deus também quer que sejamos filhos livres, pois o amor só pode ser vivido na liberdade.