Gastão Reis, colunista de O DIA divulgação

O Brasil parece conviver com a síndrome da memória curta. Assim como economistas, minha tribo, abusam de suposições, colunistas de jornal e TV têm um amor todo especial pelo hoje em detrimento do ontem. Em outras palavras, falta contexto histórico para situar os fatos na busca de uma análise equilibrada e de respeito à verdade. Os casos da Lava Jato e da cassação do deputado Dallagnol ilustram bastante bem falhas de interpretação e contexto.
Diversos analistas de jornais televisionados da cena política atual em relação à Lava Jato e a seu ex-integrante, agora cassado, deixam transparecer que ela (e ele) teria cometido erros processuais que a levaram ao mesmo triste destino da operação Mãos Limpas na Itália. Em entrevista no Roda Viva, em 26 de maio de 2023, o deputado Dallagnol negou veementemente que tais práticas tenham ocorrido nas investigações conduzidas por ele.
Ainda me lembro bem, cerca de 30 ou mais anos atrás, de uma matéria publicada no jornal O Globo sobre as condenações do andar de cima ao longo dos últimos 40 anos de então pelo STF. A investigação só conseguiu identificar um único caso de condenação e punição. Levando em conta o histórico republicano de metódica corrupção, ficou patente a leniência do STF da época em matéria de dar combate aos desvios de dinheiro público.
No atual STF, são públicas e notórias decisões que deixaram chocada a opinião pública. Concluir que redução proporcional de salários e jornadas é inconstitucional no setor público, mas não no privado, foi uma delas. Ou a ressurreição política de Lula, segundo o ex-ministro Marco Aurelio Mello, foi outra. Ambas tiveram rebatimentos desastrosos, respectivamente na Economia e na política nacionais. Poderia continuar listando vários malfeitos do passado recente que sequer são mencionados em análises sem referencial no tempo.
Aceitemos até que a Lava Jato tenha dado um ou outro escorregão em seu afã de colocar corruptos na cadeia. Como toda instituição humana, poderia ter tido suas falhas, certamente bem menores do que as já cometidas pelo STF ou pelo TSE. Mas a verdade é que o saldo da Lava Jato foi amplamente positivo, levando em conta os bilhões devolvidos aos cofres públicos. Não tem prova mais evidente do crime do que houve roubalheira gigantesca.
E não se trata de opiniões de leigos, mas de conceituados advogados de notório saber jurídico como Yves Gandra Martins e Modesto Carvalhosa, dentre outros, que vêm fazendo duras críticas ao STF e ao STE em suas atuações, onde há visível extrapolação de suas devidas funções constitucionais.
A população vê isso como vingança contra quem estava fazendo a coisa certa contra a corrupção. Ameaças pairam no ar em relação ao destino dos senadores Moro e Marinho. A mensagem é a pior possível: não ousem jamais fazer algo semelhante contra os corruptos. O resultado é simples: descrédito dos poderes constituídos, em especial do Judiciário. A História nos ensina que em tais circunstâncias o povo acaba dando um basta na parcialidade tipo dois pesos e duas medidas. Quem viver verá. Os sintomas já se fazem sentir.
Gastão Reis é economista e palestrante
Nota: Google “Dois Minutos com Gastão Reis: A reação do Brasil profundo”. Ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=Bytk5mwEm90
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Autor: Gastão Reis Rodrigues Pereira Empresário e economista . E-mails: gastaoreis@smart30.com.br// ou gastaoreis2@gmail.com
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Gastão Reis é economista e palestrante