Gastão Reis, colunista de O DIA divulgação

A melhor ilustração do que seja a qualidade das instituições de um país são os casos das atuais duas Coreias e das duas Alemanhas na época em que estavam separadas. Nelas, temos o mesmo povo, a mesma língua, a mesma cultura, a mesma raça. A única diferença são as instituições, ou seja, o aparato político-econômico. Os alemães ocidentais, logo após a reunificação, se referiam a seus irmãos da Alemanha
Oriental como um bando de preguiçosos ineficientes.
Eliminado o setor privado, os alemães orientais se tornaram funcionários públicos, com baixo nível de iniciativa individual. Quanto mais obedientes ao bur(r)ocrata-chefe, maior era a recompensa para subir na hierarquia do partido. O Brasil do PT&(má)Cia. está indo na mesma triste direção de um passado que já não deu certo.
A Coreia da Norte, comparada à do Sul, torna cristalino como as instituições comunistas castram um povo em que tudo o mais é semelhante. Enquanto esta última atingiu renda per capita de Primeiro Mundo no espaço de cerca de uma geração, com empresas de porte internacional e tecnologia de ponta, a do Norte tem tido grande dificuldade de alimentar seu próprio povo. Quase aceitou receber alimento dos EUA em
troca de interromper seu delírio nuclear.
O Brasil é hoje vítima de um aparato político (instituições) que sufoca o crescimento de sua economia em um processo crônico de subinvestimento. Assim como se descobriu na antiga União Soviética e na China que a luta de classes era o motor enguiçado da História, cabe a nós também trocar o nosso por outro para avançar de fato, livrando a Nação do astronômico Custo Brasil.
Urge encolher o governo, com base numa reforma política em profundidade, com a simplificação dos entraves legais, tributários e burocráticos para resgatar o tempo perdido. E levar a sério o crucial corte de despesas. A cereja do bolo seria a adoção do parlamentarismo para evitar a doença presidencialista de presidentes sem base no Congresso. E toda a corrupção daí decorrente na máquina governamental para fazer que ela funcione. Em termos.
Hora de levar em conta a proposta do economista Ha Joon Chang, PhD por Cambridge, onde leciona, que não acredita em um mundo pós-industrial. Para ele, a indústria continua a ser "a maior fonte de novas tecnologias". Com razão, ele nos alerta que "países com alta produtividade em commodities e serviços lançam mão das tecnologias desenvolvidas na indústria para elevar a produtividade nos outro setores". Algo que o Brasil precisa há décadas.
O combate à corrupção é condição necessária, mas não suficiente para ir adiante. É mister restaurar o clima de confiança favorável ao investimento e à rentabilidade, passaportes para a inovação e a elevação da produtividade. Mais ainda: entender o lucro como fonte de recursos para investir e recuperar o tempo perdido. Em suma, reindustrializar não é bandeira do setor industrial, mas do País para nos livrar de um futuro de mais décadas perdidas.
Se, por um lado, o agronegócio brasileiro confirma o que diz Ha Joo Chang, ele também nos revela a esquizofrenia econômica em manter uma indústria anêmica oriunda de uma sobrecarga tributária asfixiante. Mãos à obra.
Nota: digite "Dois Minutos com Gastão Reis: Confiança a ser reconquistada". Ou pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=CLG9Q7cY12E.
Gastão Reis
Economista e palestrante