Quem não tem cão, caça com gatas. Claro que segui o ditado.  Afinal, este é o meu caso. São quase vinte dias que insisto no pedido de reparos da uma lâmpada, da iluminação pública, alertando para a escuridão aqui, na minha rua. Como os técnicos não acham o defeito, apelei para a solução temporária, de emergência. Pois bem, herdei duas felinas, Yune e Katrina. Então, pensando no pior, ou na visita inoportuna de algum amigo do alheio, resolvi experimentar a dupla na vigilância do quintal da caverna.
Ufa, tem dado certo. Ficou um pouquinho mais caro. É que, para manter as duas no plantão noturno, dobrei a distribuição da ração em sachê, bem mais cara do que a normal que estão acostumadas. Valeu a pena. O pior é que as gatas, agora, somente aceitam a mais cara. Tô rezando para que a concessionária resolva logo o problema da escuridão do local. Quando amanhece, a claridade e o movimento dos vizinhos servem de alerta, avisando que está na hora de encerrar o serviço. 
Bem, aí distribuo mais uma dose da refeição predileta. Yune e Katrina deixam o abrigo na entrada da varanda e vão dormir. Como dizem os vigias: - Plantão sem alterações. - E vão dormir, na minha cama.

Amigos, estou contando este detalhe de vigilância noturna para explicar o porquê mantenho essas gatas. Como já fiquei de luto por mortes de cães e gatos que viveram nesta humilde caverna, prometi a mim mesmo nunca mais ter animais domésticos. O sofrimento com as mortes deles é de arrasar. E quem, amigos, acredita em promessas feitas por gente de coração mole? Nem eu.

Yune (ela já chegou com o nome em seu registro de nascimento) morava com a mãe e seis irmãos em uma casa vizinha. Malandrinha, passeava nas madrugadas pelos telhados e quintais dos moradores da área. Segundo a ex-tutora (já falecida), a gata não se conformava com a proibição de frequentar a cama dela. Em uma das visitas noturnas no quintal da caverna, notou a fartura em ração e, dias seguidos, passou
a sondar a recepção por aqui. Satisfeita com os afagos e carinhos (e muita ração), tratou de providenciar sua mudança definitiva. Por duas ou três vezes, a antiga tutora, chegou e levou-a de volta. Não adiantou. Está por aqui já faz uns 8 anos. Se considera a rainha do lar.
E a Katrina (registrei o nome devido ao temperamento catastrófico do animal), apareceu em setembro de 2022. Ainda filhote. Katrina caiu do telhado e aterrissou na área de serviço da caverna. Deixou irmãos e
outros familiares em outra casa. Está por aqui, em definitivo. Tem apetite voraz e não admite estranhos no quintal. Nem gatos. É a ajudante de Yune no patrulhamento da área. Agora, minha tarefa, ainda, é cuidar para que as duas não ataquem os pássaros, que aqui gorjeiam nas manhãs e fins de tarde. Ah, continuo esperando o reparo na iluminação pública.