Lembrei hoje, cedinho, antes do cantar dos pássaros, de um amigo, jornalista francês. Não vou divulgar o nome dele. Deixaria ele em perigo de vida. Nos falamos, pelo menos, uma vez por semana. Por telefone, claro. Ele, em Paris. Eu, aqui na caverna. Na segunda-feira passada, foi ele que me avisou que o último chefão mafioso, Matteo Messina Denaro, o poderoso chefão da Sicília, na região da Trapanni, havia morrido, preso. O cara ficou 30 anos foragido e, capturado em janeiro, foi derrotado por um câncer no cólon.
Ah, o apelido dele era Diabolik. Preciso falar mais sobre o cara?
Ah, o apelido dele era Diabolik. Preciso falar mais sobre o cara?
Talvez porque a máfia esteja procurando um sucessor à altura, as lembranças dos bandidos da Cosa Nostra voltaram rápido à minha mente. Evidente que, don Tommaso Buscetta, não poderia faltar. Caramba, já tem muito tempo. Mas, também como esquecer do grupo mafioso da França? O nome é quase romântico: La brise de mer... Começou na Córsega, se expandiu para a França, parte da Itália e chegou até a África Ocidental.
Bem, melhor deixar a bandidagem estrangeira. Já temos muito por cá, em nossa terra. Somente lembrei do colega francês, e das nossas aventuras na Europa, correndo atrás e, a maioria das vezes, na frente, desses crápulas. Eu tinha cabelos pretos.
Mas, bem melhor falar, novamente, dos pássaros. É que, atualmente, uma das situações de perigo que corro é desafiar a Lei da Gravidade. Explico: tenho cuidado especial, devido ao calor, com os bebedouros das aves, espalhados nas árvores no quintal. É, deixo as vasilhas nos galhos, bem nas sombras. Por isso, tenho trabalho terrível em usar escada para manter água sempre fresca no alto das copas. Aproveito para fazer exercícios duas vezes por dia. A patroa tem avisado sobre o perigo que corro e aconselha o uso de paraquedas. Acho que vou copiar um invento do Fred. Ele tem uma engenhoca que, ao acionar um botão, parece que chove sobre a árvore que ele tem no quintal.
Caramba, é chuva torrencial (tem regulagem para chuvisco). É, vou pedir a tal receita e, assim, não corro risco de cair ao subir e descer escadas. Ficarei com o exercício de varrer, diariamente, as folhas. Já é suficiente. O problema é que, logo depois, surgem os amigos, as comidas, os tira-gosto e bebidas. Assim, o abdômen não diminui.
Concordam? Será que devo varrer o quintal após os comes e bebes? Não acredito. Vai dar moleza, preguiça, sono... e o quintal vai ficar sujo, os pássaros vão ficar sem os grãos, sem água. Nem vão cantar. Vão, sim, reclamar.
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