O Júlio madrugou e trouxe com ele uma pilha de notas do churrasco dos velhos amigos aqui do Principado. E ele deu o alerta:
- O fundo monetário nosso está a zero. Vamos fazer uma nova vaquinha.
- E explicou a razão: - O custo dos insumos subiu acima da inflação.
Assim como fez o Congresso, precisamos aumentar nossas receitas, para fazer jus à nossas duas principais despesas: a carne e a bebida. Assunto dessa importância, levou o grupo a uma sessão extraordinária. Antes mesmo das 10h, o Conselho estava instalado, com quórum e propostas. E foi Júlio mesmo o relator da emenda. E estipulou o novo preço da vaquinha: cem pratas por vez de cada um.
O alarido de interjeições de espanto e protestos logo se calou diante das provas apresentadas pelo amigo: notas de despesas com a compra das peças variadas de carne de boi, frango e porco, além de outros insumos fundamentais, como cerveja, gelo e carvão. Somando um custo montante
terrivelmente alto.
Então, Julio reforçou:
- Cem contos de réis por cabeça.

Nelson sugeriu cortes, mas o item mais barato era mesmo gelo... E só com gelo e o verão, o churrasco vai fazer água. O segundo item mais em conta era o carvão, mas só sobrariam cinzas e nesse calor de verão, elas só aumentariam a nossa sede.
Será que após praticamente um século de vida, a tradicional vaquinha não consegue mais cumprir sua missão? O Fred contou que leu que essa saudável instituição, a vaquinha, foi criada ainda nas primeiras décadas do século XX para garantir a manutenção dos pequenos times, com apoio da torcida.
- As torcidas juntavam dinheiro para premiar seus times do coração por suas vitórias. Davam à essa arrecadação o nome do animal correspondente das apostas do bicho. Assim, o prêmio máximo, de 25 mil réis, era representado pela Vaca. Daí a expressão “fazer uma vaquinha”.
Nelson, que é bom com os números tratou de atualizar os valores daqueles tempos para cá. Usando uma conversão que ele tirou de algum livro de história ou da própria ideia, disparou:
- Em valores atuais seriam R$ 3 mil reais.
Adilcinho, esperto, achou uma emenda:
- Cada um fará gelo em suas casas. 
Aprovado por unanimidade. E os outros produtos indispensáveis! Sal é barato. Limão tá caro. Açúcar, razoável. Mas as carnes... Mais de 20 por cento de aumento. Frango e porco, preços razoáveis. Proposta do Ibiapina:
- Vamos abolir a carne de boi.
Ih, até eu reclamei. Detesto aves. Pra mim, aves só as que gorjeiam, e vivas. Outro embate.
Discussão acalorada, sem o calor da churrasqueira. Duas horas de debates. Final? Ora bolas, claro que o boi voltará para ser consumido.
Aperta daqui, de lá, de acolá..., mas nada mudará.
Valeu o que está escrito.