Início do novo ano. Novo? 2025? Ora, se temos mania de dizer que, aos 80 anos de idade, os humanos são velhos, como chamar o ano que está, agora, nos calendário de novo? Então, já começou velho. E, foi o debate do encontro de ontem,  sexta-feira, dia 3. Tudo desculpa para entreter a turma, ao redor da churrasqueira, tostando algumas carnes que sobraram da festa do
final de 2024. As aves, ainda assustadas pelos estrondos dos fogos proibidos, já estavam de volta às árvores do quintal. Parecia que a vida voltava ao normal.
- Normal ? - perguntou o vizinho do noroeste. 
Explicou: - não se consegue dormir desde o dia 30. - E foi em frente: - vocês têm escutado sons de músicas, em volume de altíssimos decibéis, noite e dia. Como dormir bem ? 
Ele mora no último andar do prédio que habita com a esposa e três filhos. Bem alto, como os sons que atrapalham o direito de dormir. E, vejam o detalhe: o prédio é tão alto que tem luz em torre, obrigatória em edificações de tal altura. Acho que é para alertar aviões ou helicópteros.
Caramba, corri para diminuir o volume no gramofone que tocava Taiguara, E aconteceu o silêncio. De todos. E foi o sino que interrompeu o momento. Nelson, retardatário, chegou trazendo alguns LPs. E gelo. Fred preparou uma partida de pão ao alho, Júlio já estava cuidando dos assados sem fumaça, Adilsinho fazia contas, eu bebia suco de pitangas, o vizinho de bombordo lavava copos, o de boreste limpava sardinhas. Tudo correndo como nos velhos tempos, em pleno tal de ano novo. E, para maltratar a vida, vizinho do Sul lembrou que o IPTU
estava quase batendo em nossas portas.
Fred aliviou a conversa: - Este ano não tem DPVAT-.
Vizinho dos fundos puxou assunto complicado... - No Uruguai, não tem Natal. Tem o Dia da Família, 25 de dezembro. - Ih, correria ao Google nos celulares.
- Verdade, gritou o vizinho.
- Pronto, mais assunto. Não me contive: - não esqueçam que jamais consertaremos o mundo. - e arrematei: - não falamos com a boca cheia, rapazes.
Risadas geral e, o sino voltou a dar sinal. Eis que as mulheres, as nossas patroas, em fila indiana, caminham pelo quintal. A "invasão" foi recebida, depois do espanto, com salva de palmas. Trouxeram flores e sorrisos. A confraternização durou todo o dia. Inesquecível. Elas invadiram o Clube do Bolinha...