As notícias nacionais e internacionais nesse último mês deixaram o Conselho aqui do Principado de Água Santa em polvorosa. Violência e extremos climáticos. E o carnaval, que chega em meio a ondas e calor e violência. E como uma notícia ruim leva a outra, somamos a esses, acabamos comentando sobre o alto custo de vida. Dessa vez, nem mesmo o cafezinho escapou. O café torrado chegou aos 39,5% de aumento. Então a decisão da reunião dessa semana foi que, está na hora de mudar de endereço.
E como a cerveja aumentou bem menos que o café, 4,5% em média, foi a bebida escolhida para molhar as goelas mais exaltadas. Isso me lembrou a época em que faltava cerveja no carnaval. Acreditem, houve uma época em que esse precioso líquido espumante desaparecia dos bares nos quatro dias de folia, para abastecer o carnaval da avenida central e das escolas de samba.
Eu conheci o dono de uma distribuidora que abastecia a Sapucaí e, pela amizade, conseguia contrabandear parte da mercadoria para abastecer o bar da dona Maria, aqui de Água Santa, garantindo assim a boemia local nesse período de escassez alcoólica.
Fred, o suíço foi escolhido para relator. A primeira proposta veio de Ibiapina.
– Vamos escolher um lugar perto onde não falte, o mar e o peixe para garantir o almoço. Que tal a Ilha Grande? Costumava ser um paraíso.
Tive que rebater. Agora vai ver quantas pessoas vão lá por dia nesses finais de semana prolongados. Virou uma loucura.
– Engarrafamento de gente – acrescentou Josefa, enquanto ajudava Nelson com as porções de linguiça que ele trouxe para abastecer o debate.

Melhor um lugar mais distante.
– Que tal o Sul do Brasil? – Opinou Bira.
– Esquece, nessa semana o termômetro lá bateu 39 graus – reclamou Fred, que costumava gostar do calor dos trópicos.
– Mas, depois dos 35 graus, é sauna. É forno.
O calorão já vem tirando até mesmo o juízo da população. Nessa semana, teve até motorista abandonando o ônibus em plena Avenida Brasil, porque não aguentou mais o calor e as queixas dos passageiros sobre a falta do ar condicionado, que é obrigatório há décadas, mas não funciona. Nem o aparelho, nem a lei.
E se fôssemos para a América?
E correr o risco de ser deportado por aquele maluco?
Que tal a Europa?
Esquece, ouvi dizer que as temperaturas lá vão subir 2,5 vezes mais rápido do que a média global.
Nelson pontuou ainda a questão da violência que já atinge a todo mundo, do mais rico ao mais pobre.
– E agora é arriscado até mesmo botar cerca elétrica para proteger as casas. No subúrbio, houve até um caso que o ladrão se feriu na cerca elétrica. E não é que o advogado dele entrou na justiça para processar o dono da casa porque feriu, pasmem, o ladrão???? A que ponto chegamos.
Do jeito que a coisa vai é comprar um terreno na lua. De esquina, de preferência.