Desde fevereiro deste ano, o mineiro Flávio Campos Ferreira está à frente da Secretaria Estadual de Agricultura, Pesca, Pecuária e Abastecimento do Rio de Janeiro. Além disso, ele é primeiro suplente do PL na Câmara dos Deputados. E a política é assunto em família também. Ao seu lado, casado há 23 anos, está Lucimar Ferreira, prefeita reeleita de Paracambi. Flávio é também irmão do deputado estadual Dr. Deodalto. Em entrevista à coluna, o secretário falou sobre os assuntos da pasta que comanda. "Já estamos trabalhando muito forte para a aproximação do produtor, em especial o familiar, dos consumidores", contou. Flávio comentou ainda sobre as eleições do ano que vem. "Quem está no poder e tem trabalho para mostrar, leva vantagem, sim. Com a queda da arrecadação em todas as cidades do estado do Rio, é preciso muito empenho, dedicação e experiência para conduzir as contas públicas e ficar imune a problemas de falta de caixa".
O DIA: Secretário, o senhor é marido da atual prefeita de Paracambi, Lucimar Ferreira, ambos do PL, e irmão do deputado estadual Dr Deodalto, do mesmo partido. O senhor acompanha de perto a política da Baixada Fluminense. O que estará em jogo na disputa municipal de 2024?
FLÁVIO: A política da Baixada Fluminense passa por um processo de amadurecimento e fortalecimento dos grupos políticos que atuam e vivem na região. A população da Baixada não aceita mais aventureiros que moram no Leblon, na Barra e só pensam nela durante os períodos eleitorais. Esse tempo passou, para o bem de todos. Para governar uma cidade, é preciso acordar e dormir na cidade, como faz a prefeita Lucimar todos os dias. Não dá para governar um município à distância.
Quem está no poder leva vantagem?
Quem está no poder e tem trabalho para mostrar, leva vantagem, sim. Com a queda da arrecadação em todas as cidades do estado do Rio, é preciso muito empenho, dedicação e experiência para conduzir as contas públicas e ficar imune a problemas de falta de caixa. Portanto, a população vai avaliar cuidadosamente qual grupo ou candidato merece a sua confiança. O eleitor a cada eleição fica mais esperto, ele percebe claramente quem é quem.
O provável candidato Andrezinho Ceciliano, deputado estadual, deverá ser o principal adversário de sua prima, a vereadora Aline Otília, para a Prefeitura de Paracambi, ano que vem. O pai, André Ceciliano, hoje secretário especial de Assuntos Federativos da Presidência da República, já foi prefeito de Paracambi por duas vezes. E o senhor também, em 2004. O que o eleitor da cidade busca do prefeito desta vez?
Acredito que o eleitor busca eleger um grupo que possa dar continuidade às conquistas que tivemos e avançar na solução dos nossos desafios. Paracambi possui hoje o menor orçamento da Região Metropolitana, mas se destaca como a cidade mais segura, com educação de qualidade, com ampla rede de postos de saúde, maternidade e centro de imagem, além de ser a única cidade da Baixada que oferece transporte gratuito para todos. Fruto do trabalho da prefeita Lucimar e de toda uma equipe. Então, entendo que a população irá escolher não apenas um sobrenome, mas alguém que viva aqui e tenha competência para cuidar de nossa gente.
O senhor é do partido do ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Isto atrapalha ou ajuda os candidatos do interior do Rio?
Sou do PL há mais de 20 anos. Nunca troquei de partido durante este tempo todo. Agora, tive mais de 40 mil votos na última eleição pelo PL e, em Paracambi, o presidente Bolsonaro teve uma votação muito superior nos dois turnos. Creio que o eleitor irá olhar mais para as questões locais do que para as nacionais, mas sem esquecer do histórico, dos valores e dos princípios de cada legenda.
O presidente Lula e seus aliados estarão fortes no interior e na Baixada no ano que vem?
O PT perdeu muito espaço e muitas eleições na Baixada recentemente. Enxergo o partido em um processo de reorganização ainda tímida na região como um todo, por falta de quadros que tenham experiência comprovada e que vivam de fato na Baixada e no interior. Vejo que poucos nomes têm esse perfil na região, quando comparado com outros partidos, que hoje se encontram mais bem estruturados nos 13 municípios da Baixada e no restante do interior fluminense.
Sobre pecuária. O estado está se preparando para erradicar a febre aftosa de seu rebanho? O estado ainda não possui o certificado internacional, fator decisivo para tornar a atividade mais competitiva. Por quê?
O Ministério da Agricultura elaborou o Plano Estratégico 2017-2026 e dividiu o país em blocos. Desde então, os estados estão avançando de acordo com as suas características e o cumprimento de metas. O Rio de Janeiro já possui o reconhecimento internacional de Livre da Febre Aftosa com vacinação. Com a minha chegada à pasta, passamos a priorizar as metas que estavam em atraso, dentre elas o georreferenciamento de propriedades, a melhoria da qualidade do serviço veterinário estadual e a capitalização do Fundo Privado, criado no ano passado. Após o atingimento dessas metas, será possível retirarmos a vacinação e pleitearmos, junto aos demais estados do Bloco IV, o reconhecimento internacional de Livre da Febre Aftosa sem Vacinação. No Rio de Janeiro, o último foco da doença ocorreu em 1997. É importante lembrar que este é um trabalho de responsabilidades compartilhadas, onde o setor produtivo e os entes públicos participam ativamente buscando a melhoria da vigilância sanitária no território fluminense, o que permitirá o alcance de novos mercados para os nossos produtos e o fortalecimento de toda a cadeia produtiva.
A agricultura do Rio de Janeiro não poderia colaborar mais na luta contra a fome e os preços altos dos alimentos? A comida pode chegar mais barata no prato do povo?
Embora o estado do Rio de Janeiro ainda tenha uma grande dependência de produtos da cesta básica vindo de outros estados, nossa agricultura tem avançado cada vez mais em direção à autossuficiência de alguns produtos, como é o caso, por exemplo, das hortaliças e algumas frutas. De outra forma, já estamos trabalhando muito forte para a aproximação do produtor, em especial o familiar, aos consumidores. Através da Emater, estamos organizando e divulgando inúmeras feiras de produtores familiares em conjunto com os municípios, para chegarmos com o produto diretamente ao consumidor, sem passar pelo atravessador. Para tal, estão sendo distribuídas centenas de barracas para estas feiras.
Com um litoral tão extenso e diverso, não parece que o estado do Rio aproveita pouco o seu potencial pesqueiro? O que a secretaria tem feito para ajudar não só os pescadores e suas colônias bem como a indústria pesqueira como um todo?
O Rio de Janeiro é um dos estados de maior produção pesqueira no país e com um grande potencial para a aquicultura marinha ou maricultura. O pescado é uma proteína animal de altíssima qualidade para a população, e o estímulo da sua produção é de importância estratégica para o desenvolvimento social e econômico fluminense, contribuindo diretamente para a segurança alimentar da população. Dentre as ações da secretaria que lidero, pode-se destacar as pesquisas aplicadas voltadas para gerar informações e tecnologias para o desenvolvimento sustentável da pesca e da aquicultura no litoral do estado, estruturando as bases da cadeia produtiva do pescado marinho. Além disso, realizamos o monitoramento da atividade pesqueira, visitas técnicas, palestras, dias de campo, atendimentos, cursos e projetos para solucionar problemas dos pescadores e aquicultores, e dando subsídios para fortalecer a indústria do pescado como um todo.
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