No Brasil, muitas vezes só se coloca o cadeado depois da porta arrombada. De nada adiantou os apelos de ambientalistas e autoridades do governo de Pernambuco sobre a violência ambiental dos imensos e barulhentos jatos que cortavam o céu da paradisíaca Ilha de Fernando de Noronha. Embora não tenha mais ativos, foi como a explosão de um vulcão, a proibição determinada em Outubro pela Agência Nacional de Aviação Civil que praticamente suspendeu a ligação comercial da ilha com o continente.
Não foi falta de aviso
Estudos e relatórios mostravam o obvio: o desnecessário impacto ambiental das potentes turbinas a jato neste santuário, assim como o peso das aeronaves nas pistas do pequeno terminal aeroportuário. Avisos praticamente ignorados ou quase desdenhados. Diante do anúncio da proibição, as concessionárias tiveram que antecipar voos e postergar viagens fazendo com que os passageiros "pagassem o pato" pela falta de adequação.
Precisou do radicalismo para que as providências fossem tomadas urgentemente de forma a garantir o enquadramento no formato mais adequado para aquele ecossistema ainda neste verão. A ANAC permite apenas aeronaves do tipo ATR, ou seja, as que utilizam o motor turbo-hélice e que transportam, no máximo, 70 passageiros.
O Retorno A agência pediu um novo relatório sobre pavimentação das pistas, metodologia de recuperação e ações previstas de manutenção, além do óbvio uso só dos modelos de aviões permitidos. Foram investidos quase R$ 60 milhões em reformas e melhorias no Aeroporto Governador Carlos Wilson, construído em 1934 e adaptado em 1942 para servir como base para a Força Aérea dos Estados Unidos durante a II Guerra Mundial.
Esse processo de adequação deve estar totalmente finalizado em até 12 meses, garantindo uma das pistas de pouso e decolagem mais seguras do país, segundo a Associação de Pousadas de Fernando de Noronha. Como as aeronaves permitidas são menores, foi preciso aumentar o número de chegadas e partidas, agora num total de oito ligações por dia com as capitais nordestinas Recife e Natal. Ainda de acordo com a Associação, a capacidade de transporte nesta alta temporada é de cerca 600 pessoas por dia.
Outras ações para não canibalizar o paraíso O que as autoridades precisam entender é que a ganância pode matar a galinha de ovos de ouro. Os turistas vão a Noronha por causa de sua preservação. E esse freio de arrumação nas empresas aéreas não é a única medida ambiental que precisa ser ajustada.
Muitas outros problemas precisam ser limitados, regulamentados e fiscalizados, como: produção de lixo, esgoto não tratado, controle mais rigoroso do acesso de turistas e embarcações, sobrecarga nos abastecimentos de água e energia, ocupação do solo e número de veículos.
Fernando de Noronha também está em consonância com as práticas de Environmental, Social and Corporate Governance – mais conhecido como ESG.
Proibição de plásticos
Outra medida assertiva foi o decreto Noronha Plástico Zero, que entrou em vigor em abril de 2019. Ele proíbe a entrada, a utilização e comercialização de descartáveis plásticos de uso único no arquipélago, que é considerado um paraíso, atraindo ambientalistas, pesquisadores e turistas de várias parte do mundo.
Em Noronha, uma ilha com viés socioambiental, diversas outras ações estão sendo colocadas em prática como: todos os carros que trafegam terão que ser elétricos a partir do próximo ano e os programas e pacotes turísticos precisam ser voltados para atividades na natureza.
Títulos de Noronha
Com premiações do TripAdvisor e da revista Travler da Conde Nast, que classificou a Praia do Sancho como a mais bonita do mundo em quatro eleições entre 2014 e agora, em 2022. Esse santuário ecológico é berço de diversas espécies da fauna e flora do país, além de naturais imensuráveis.
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