greve: Aeroporto Santos Dumont - centro do Rio de Janeirofoto Ferando Frasão-Agência Brasil

Com o aproximar do Natal, a greve dos pilotos e comissários de bordo, desde segunda feira, aumenta a preocupação do  turismo, que aposta que este ano será o retomada do setor após os prejuízos e restrições por conta da Covid-19. Como esse segmento funciona de forma capilarizada e com reflexos globais, outro movimento que pode causar turbulência no Brasil e no mundo é a paralisação programada por profissionais  da Inglaterra devendo se estender até o final do ano.
Proximidade com o Natal
O setor de turismo no Brasil está de dedos cruzados para que os aeronautas e as empresas aéreas cheguem a um acordo o mais rápido possível, na verdade, esse consenso está levando mais tempo do que o esperado. Para piorar ainda mais a situação a semana de frente fria no Rio tumultua ainda mais o Aeroporto Santos Dumont por restrições meteorológicas. E a tendência é  que a situação complique ainda mais nesta quinta-feira com a proximidade com o Natal que, por devido ao calendário deste ano acontece de forma concentrada, restrito ao fim de semana, sem a formação dos chamados feriadões. Isso faz com que saídas e chegadas não sejam diluídas e fiquem concentradas entre os dias 23 e 25.

“Ainda sem notícias concretas, mas com o aumentar da movimentação por conta do Natal, pode resultar em um problema. Se prolongar, claro que os efeitos devam ser maiores. Essa logística afeta profundamente o setor de turismo que é totalmente dependente desse deslocamento”, revela diretora-executiva do Rio CVB, Roberta Werner.
Horário de paralisação programado

Por enquanto, os profissionais param entre 6h e 8h, provocando atrasos não só nessa faixa horária, mas se estendendo, de forma escalonada, durante o restante do dia, principalmente por conta dos realojamentos dos cancelados e as remarcações de horários que não conseguiram levantar voo. Além disso, tem o agravante das diminuições dos voos diretos nos últimos anos, fazendo com que passageiros percam as conexões compradas para completarem os seus destinos.
“Na verdade, respeitamos reivindicações e negociações trabalhistas. Torcemos para que cheguem a melhor acordo possível e acreditamos na boa vontade entre as partes. Acredito que o cenário esteja se resolvendo. Tive conversas com a Latam e a Gol e me tranquilizaram em relação a um acordo em breve. Com a Azul ainda não conversei, mas acredito que estejam com as negociações caminhando" - acredita Luiz Strauss Campos, presidente da Associação Brasileira dos Agentes de Viagens.
O Pier Mauá que comemora o recorde na agenda da cruzeiros no Rio ainda não registrou problemas relacionado a greve aérea. A nossa Coluna conversou com a Denise Lima, diretora-comercial que tambpemn torce para que as partes cheguem a um acordo de forma que um grupo maior de turistas não venha a ser prejudicado.
"Até o momento não registramos passageiros que tenham perdido o embarque no nosso porto por conta de perda ou atrasos de voos para o Rio de Janeiro. Porém, é claro que se a situação se agravar, pode ser que cause reflexos".
Efeito cascata
Embora o sindicato dos Aeroviários justifique que a definição da paralização entre 6h e 8h foi por respeito à sociedade para prejudicar o mínimo possível, existe uma determinação judicial, ainda não revogada, que exige a manutenção de 90% das operações. No entanto, a faixa horária escolhida é no chamado horário nobre do segmento, por ser o que concentra a maior movimentação de rotas domésticas e a mais procuradas pelos passageiros. 
A categoria também ressalta que estão sendo mantidos os transportes de órgãos para transplante, pessoas doentes e vacinas.

De acordo com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), os principais problemas estão sendo registrados nos Aeroportos Santos Dumont – no Rio de Janeiro, Congonhas, Guarulhos e Viracopos – SP e JK – em Brasília.
Além desses, também são afetados os terminais de Porto Alegre, Belo Horizonte e Fortaleza.
As concessionárias que administram os aeroportos pedem que as pessoas entrem em contato com as companhias para obterem informações sobre os status dos voos. Os passageiros reclamam dos congestionamentos nas ligações e na dificuldade para conseguir falar com um atendente humano, ficando retidos nas gravações.

Greve em Londres
O setor aéreo é um dos mais capilarizados do mundo. Um problema pontual e regional é capaz de trazer reflexos globais através do efeito cascata com reflexos no restante do mundo. Um dos maiores exemplos foram os atentados de 11 de Setembro que impactou todo o planeta.
Quase mil funcionários da Força de Fronteira do Reino Unido anunciam que vão cruzar os braços nesta sexta-feira podendo se estender até 31 de dezembro. Eles atuam num setor crucial: os balcão de controle de passaportes, tanto de entrada como de saída do Reino Unido. As autoridades já trabalham com a possibilidade de longas filas, atrasos e cancelamentos. A previsão é de passagem pelos terminais britânicos, neste período, de pelo menos 10 mil voos entre eles conexões e escalas de várias partes do mundo transportando dois milhões de passageiros locais e internacionais.
“Isso não é uma característica do Brasil as negociações coincidirem com o período de maior procura. Em todo o mundo, pela pressão dessa época é quando costumam acontecer esse tipo de acordo neste setor. E esse problema em Londres, pode afetar o transporte de turistas em todo o mundo, inclusive impactar na logística no Brasil por conta das conexões e escalas feitas pelos terminais de lá".
Prevendo um caos, as principais companhias, a British Airways e a  Virgin Atlantic e outras internacionais que fazem escala no Reino Unido, anunciam a possibilidade de terem que cancelar partidas se as filas ficarem fora de controle. A situação deve ser pior para quem não possui passaporte inglês ou da União Europeia e que precisam dos carimbos de entrada e saída. Ou seja, um alerta para o brasileiro com viagens programadas para a Inglaterra ou com escala ou conexão em terminais daquele país.