Publicidade reflete nos anúncios a realidade de seus bastidoresarte da coluna

Acusada constantemente de ser elitista, racista e etarista, a publicidade nada mais do que espelha em peças e comerciais veiculados na mídia, a sua própria realidade social e administrativa. Esse mesmo panorama perceptível em suas campanhas é o que reina em seus bastidores. 

Começa pela liderança, composta majoritariamente por homens brancos, heterossexuais, cisgêneros, sem deficiência e com menos de 50 anos de idade. O quadro se repete nos escalões mais baixos onde 68% dos funcionários possuem a pele clara, somente 30% são pretos ou pardos. E ainda tem a quase desprezível porcentagem de míseros 1% de funcionários amarelos e indígenas.

Esses dados fazem parte de um censo pioneiro sobre Publicidade Inclusiva e diversidade nas Agências Brasileiras realizado pela Gestão Kairós a pedido do Observatório da Diversidade na Propaganda (ODP) que desnuda a falta de representatividade na mão-de-obra dessas empresas.

“Entendemos que o primeiro e mais importante passo a ser dado seria mapear como as agências compunham seus quadros internos, pois, sim, notamos um aumento na representatividade em comerciais e propagandas, mas é urgente que essa valorização e protagonismo aconteça também dentro das próprias agências”, explica Liliane Rocha, CEO e fundadora da Gestão Kairós.
Representatividade
A coleta das informações foi realizada em 29 agências que compõem o Observatório da Diversidade na Propaganda englobando mais de 6.200 funcionários. Como resultado, foi obtida uma amostragem correspondente a 83% do mercado nacional.

Quando analisada a representatividade de orientação sexual e identidade de gênero, 24% dos pesquisados se autodeclaram LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgênero), número que está acima em comparação com outros mercados.

Já o cenário para pessoas com deficiência reflete o pior panorama possível: representam apenas 1,6% do quadro geral, configurando, inclusive, uma inconformidade legal. Isso porque essa representatividade é regida pela Lei Nº 8.213/91, que determina que empresas com a partir de 201 funcionários tenham, proporcionalmente, pelo menos 2% de pessoas com deficiência.
Etarismo
Quanto à idade, mostram um abismo etário. Somente 5% dos profissionais têm 50 anos ou mais. Mesmo recortando somente os cargos de liderança, que, em geral, demandam por pessoas mais experientes, é possível identificar a desproporção com apenas 6% das pessoas em faixas etárias mais avançadas.

“Fundamos o ODP para acelerar a inclusão de grupos minorizados na indústria da comunicação e nos preocupamos em considerar os diferentes níveis de maturidade que as agências estão, de forma a contribuir para que esse seja um movimento sustentável a longo prazo.”, comenta Ariel Nobre, secretário geral do Observatório da Diversidade na Propaganda. “Com os dados apresentados, hoje temos um estudo robusto que servirá como base para traçar os próximos passos da mudança que precisamos de uma forma coletiva” conclui Liliane Rocha.

Com base nos dados do censo, o Observatório da Diversidade na Propaganda lançou o compromisso para que as agências fundadoras e apoiadoras da iniciativa trabalhem em temas considerados gargalos neste segmento, como: inclusão e retenção de homens e mulheres negros, com deficiência e transgêneros.

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