Na incessante busca por uma relação mais saudável com a alimentação, pesquisadores embarcaram em uma investigação abrangente para discernir a presença de aditivos e nutrientes críticos nos alimentos ultraprocessados disponíveis em nossas prateleiras. O mapeamento foi realizado em conjunto pelas Universidades do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e de São Paulo (USP), com apoio de outras instituições nacionais, resultou em um estudo de relevância publicado na prestigiada revista "Scientific Reports".
Cuidado com produtos ultraprocessados O documento revela uma realidade alarmante: 97,1% dos produtos classificados como ultraprocessados ostentam, em excesso, ao menos um nutriente crítico, tais como sódio, gorduras e açúcares livres. Já 82,1% desses produtos exibem aditivos cosméticos em sua composição, componentes utilizados para realçar cores, sabores ou texturas. De maneira mais abrangente, é constatado que 98,8% desse tipo de comida possui, no mínimo, um desses ingredientes.
A pesquisa meticulosa avaliou quase 10 mil produtos embalados disponíveis nos supermercados de São Paulo e Salvador. A doutora Daniela Canella, pesquisadora da UERJ e autora principal, enfatiza o problema e aponta a utilidade do estudo.
"É possível de ser usada para as normas e os regulamentos sobre alimentos”
Já Ana Paula Martins, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS) destaca que esses resultados podem concretamente influenciar a moldagem de políticas, legislações e decisões tributárias relacionadas aos alimentos e a elaboração do Guia Alimentar para a População Brasileira, um documento formulado pelo Ministério da Saúde que delineia diretrizes para uma alimentação mais saudável e consciente no país.
Nova regras de rotulagem
A equipe projeta que tais descobertas possam embasar programas de rotulagem mais eficazes, direcionando os consumidores para escolhas mais saudáveis. Com o horizonte alinhado à implementação das novas regras para embalagens previstas para outubro de 2023, o grupo continuará a aprimorar suas propostas, cientes de que suas descobertas podem moldar, de maneira tangível, a forma como o mundo se alimenta.
E também podem contribuir para a tributação mais elevada de produtos menos benéficos e subsidiar aqueles que promovem a saúde. O grande escopo desses achados ecoa na regulamentação dos produtos comercializados em cantinas escolares e na publicidade de alimentos, criando uma rede mais abrangente de proteção alimentar.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.