A perigosa rota de fuga dos refugiadosfoto Médicos Sem Fronteiras
Nessa perigosa travessia, essas pessoas são forçadas a se expor a riscos incalculáveis enquanto enfrentam os desafios da mata densa. Estimativas apontam que, somente em agosto, mais de 50 mil migrantes se aventuraram nesse caminho tortuoso. Os registros apontam que no último dia 22, mais de 4.800 migrantes adentraram o território panamenho. Diariamente, a comunidade indígena de Bajo Chiquito testemunha a chegada impressionante de entre 2 mil e 3 mil migrantes, números que se traduzem de quatro a seis vezes a população local.
Essa incursão é repleta de perigos devido a vegetação densa e condições geográficas severas. Infelizmente, uma parte significativa não consegue completar essa jornada, encontrando um trágico destino por meio de assassinatos, ferimentos e afogamentos. Além disso, muitos são vítimas de roubo, estupro e outras formas de agressão cometidos por grupos criminosos que operam nesse território inóspito.
Quando finalmente alcançam seus destinos, a realidade é implacável: a grande maioria dos migrantes carrega consigo algum problema de saúde. Desde feridas nos pés e dores intensas até diarreia e doenças gástricas causadas pela ingestão de água do rio. Esse angustiante percurso pela selva também deixa sequelas psicológicas profundas, com casos de depressão, ansiedade e estresse pós-traumático decorrentes de experiências violentas vivenciadas ou testemunhadas.
As rotas migratórias oscilam em consonância com as estações, e no momento, a maioria dos migrantes parte de Capurganá ou Acandí (Colômbia) e chega a Bajo Chiquito, onde embarcam em canoas rumo à Estação Temporária de Recepção Migratória de Lajas Blancas. Contudo, esses pontos de chegada estão sendo assolados pela superlotação nas últimas semanas, amplificando os riscos à saúde e segurança dos migrantes, dada a escassez de água e espaço para descanso.
"O aumento foi tão significativo que tanto as comunidades locais quanto as organizações nas estações temporárias de recepção migratória, especialmente a de Lajas Blancas, encontram-se sobrecarregadas", declara José Lobo, coordenador de projeto do "Médicos Sem Fronteiras" no Darién panamenho.
Os "Médicos Sem Fronteiras" operam três postos de atendimento na região: um em Bajo Chiquito e dois nas estações temporárias de recepção migratória de Lajas Blancas e San Vicente. Nas filas de espera que se estendem além das fronteiras, dezenas de migrantes exaustos aguardam, em busca de cuidado e alívio.
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