Brasil inaugura Centro de produção de biocombustível para aviaçãofoto de divulgação Embraer

A primeira planta do Brasil para produção de petróleo sintético a partir do biogás tem como foco a geração de combustível sustentável para aviação. Foram investidos 1,8 milhão de euros no projeto piloto intitulado H2Brasil, incluindo a implantação da Unidade de Produção de Hidrocarbonetos Renováveis, instalada nas dependências da Usina Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu. Nessa fase inicial devem ser gerados 6kg/dia de bio-syncrude – uma mistura de hidrocarbonetos sintetizado e hidrogênio verde.
"A planta de bio-syncrude combina o biogás gerado na unidade de demonstração da Itaipu, que operamos desde 2017, com o hidrogênio verde do PTI, que operamos há dez anos, transformando-o em um novo ativo totalmente renovável, visando a descarbonização do setor de transporte. Com isso, reafirmamos nosso compromisso com a sustentabilidade e a inovação, contribuindo para a transição energética brasileira", explicou Enio Verri - diretor-geral brasileiro da empresa.
O projeto é fruto de uma colaboração entre o CIBiogás e a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Fundação Araucária, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e a Itaipu Binacional. O bio-syncrude produzido na planta piloto será enviado ao Laboratório de Cinética e Termodinâmica Aplicada (LACTA) da UFPR em Curitiba/PR para o processo de refino destinado à aviação.
“Trabalhamos juntos para que esta primeira planta de bio-syncrude do país, localizada em Foz do Iguaçu, possa viabilizar economicamente uma rota para produção de combustíveis verdes a partir da valorização do biogás, com ênfase no desenvolvimento do mercado de Power-to-X no estado do Paraná”, disse Markus Francke - diretor do projeto H2Brasil.

No contexto da parceria entre a Cooperação Brasil-Alemanha e o CIBiogás, também foi criado um mapa dinâmico para identificar áreas com maior potencial de produção no Paraná.
“Esse mapa destaca as regiões mais promissoras para a produção de bioquerosene de aviação por meio do biogás. A análise revela que o estado apresenta um potencial de produção de 15 mil metros cúbicos por ano de SAF a partir do biogás gerado pelas plantas em operação mapeadas em 2022”, explicou Rafael Hernando de Aguiar Gonzalez, diretor-presidente do CIBiogás, empresa criada há 11 anos no ecossistema da Itaipu Binacional.

Compromisso Global para Descarbonização da Aviação:
Com as metas climáticas estabelecidas no Acordo de Paris de descarbonização e de net-zero para os anos de 2030 e 2050, foi criado em 2016 o Esquema de Compensação e Redução de Carbono para Aviação Internacional. Este programa tem como objetivo central criar mecanismos de mercado e complementar os esforços de mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do setor de aviação civil internacional, limitando o aumento das emissões previsto para os próximos anos.
Assim, o setor de aviação, que é de difícil abatimento e contribui anualmente com emissões de cerca de 800 milhões de toneladas de CO2, ganha notável atenção. Como substituto aos fósseis, os combustíveis sustentáveis podem ser obtidos a partir de diferentes rotas tecnológicas e com matérias-primas que vão de oleaginosas a biocombustíveis como etanol e biogás.