Planejamento Costeiro da Região Nortefoto EBC
Para a execução desse estudo, com previsão de conclusão em até 36 meses, o banco disponibilizar até R$ 13,3 milhões. A proposta é ambiciosa: ordenar os múltiplos usos da região marinha, conciliando setores como pesca, turismo, navegação e exploração de petróleo com a necessidade urgente de conservação ambiental.
A coordenadora geral de gerenciamento costeiro e planejamento espacial marinho do Ministério do Meio Ambiente, Marinez Scherer contesta ambientalistas mais radicais e enfatiza que a execução do plano pode ajudar a preservar habitats de alta biodiversidade, como recifes de corais e áreas de pesca tradicionais.
O Dilema da Economia Azul
O PEM Norte integra a iniciativa “BNDES Azul”, lançada no início de 2024 para promover o desenvolvimento sustentável no mar brasileiro. Esse projeto visa alavancar a chamada “economia azul”, que abrange desde a pesca até o turismo sustentável, ao mesmo tempo que estimula a descarbonização da frota naval e fortalece a infraestrutura portuária.
Entretanto, é preciso equilibrar as forças entre o crescimento econômico e limites ecológicos. A exploração de petróleo, por exemplo, traz consigo o risco eminente de vazamentos em áreas muitos sensíveis. Além disso, a rápida expansão da navegação no Norte, sem um projeto eficaz mitigador, é uma ameaça potencial aos habitats marinhos e à vida das comunidades locais, que dependem da pesca artesanal e de outras atividades tradicionais.
Perspectivas e Desafios para o Futuro
Com um território marinho de cerca de 1 milhão de km², o Brasil possui uma diversidade biológica e uma capacidade econômica que são alvo de cobiça global. A diretora Tereza Campello reforçou que o PEM busca colocar o Brasil entre os países mais avançados em planejamento espacial marítimo, mas a realidade do desenvolvimento sustentável ainda precisa de forte regulação e fiscalização. É imperativo que as linhas de crédito oferecidas pelo BNDES sejam acompanhados de transparência, monitoramento contínuo e uma política clara riscos e de mitigação de danos.
A execução do PEM Norte pode ser um marco histórico para o Brasil – um modelo de como a coexistência entre economia e ecossistemas pode ser possível. Porém, o que está em jogo é mais do que cifras e biodiversidade: são as vidas e culturas das comunidades costeiras que dependem dessa relação harmoniosa entre o homem e o mar preservadas até hoje na região.
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