Por karilayn.areias

Rio - Com 98 kg e 1,53 m de altura, a jornalista e blogueira Mariana Rodrigues, 30 anos, se ama do jeitinho que é e faz questão de compartilhar sua experiência e conhecimento sobre o universo plus size em seu blog, ‘Aquela Mari.com’.

T-shirt. Touts%3B Jaqueta. Farm%3B Short. Leader%3B Pochete. Acorda%3B Choker. Badulaques%3B Brinco. Le DiamondMarcio Mercante / AG. ODIA

“Criei o blog há dois anos. Ele surgiu como uma crítica. O estalo foi quando comecei a questionar o porquê de não encontrar roupas bacanas para mim. Comecei para falar de moda, para cobrar uma moda que fosse tendência para todas, acessível, e o jeito de fazer isso era tendo o meu próprio veículo”, lembra Mari. “Hoje, falo mais de comportamento. Vi que era mais urgente falar sobre a questão comportamental das pessoas gordas”, observa.

Apaixonada por moda, esportes e ativismo, a carioca da Freguesia, em Jacarepaguá, conta que começou a engordar aos 25 anos e, daí em diante, começou sua dificuldade em se vestir. “Até desconstruir esse pensamento na moda, que tal roupa não é para a gente, é doloroso. Primeiro, achamos que não é, depois pensamos: ‘peraí, por que não é?’ Questionamos isso conosco e com o mercado”, diz.

Top. Acervo%3B Quimono. Sedução%3B Calça. Aquamar%3B Sapato. Via Curtume%3B Brinco. Le Diamond%3B Anel. Das ManasMarcio Mercante / AG. ODIA

Mariana afirma que, há poucos anos, o mercado plus size era basicamente composto de dois estilos: as marcas mais ‘pin-ups’, com vestidos na pegada vintage, e as marcas que faziam aquelas roupas que pareciam ‘capa de sofá’, com estampas, tecidos, corte e modelagem de gosto completamente duvidoso. “Estamos vivendo um momento em que se cobra diversidade nas mídias. Com isso, surgiram também várias marcas de tamanhos maiores que abrangem diferentes estilos. Hoje, uma mulher gorda pode ser pin-up, minimalista,romântica”, vibra.

Camisa. Le Rizz%3B Colar. Das Manas%3B Saia. Farm%3B Sapato. MelissaMarcio Mercante / AG. ODIA

Ela se apaixonou pelas produções do ensaio, que explorou a influência ‘super street/rolezeira’ e passou pelos estilos clássico e super sexy, mostrando que tem tendência para todos os tamanhos. Mari usou peças como a calça pantacourt, cropped (aquela camiseta que deixa um pedacinho da barriga de fora) e peças de veludo molhado. “Adorei! Mostra que a moda deve e deveria ser para todo mundo. Não existe roupa que não é para você. Quem decide o que usar é você, a partir do seu gosto. O importante é se sentir confortável”, garante.

Em setembro, Mari vai se casar com o blogueiro e assessor Diego Neves, que é seu maior incentivador. “Diego via meus questionamentos e dizia que eu devia escrever sobre isso. Ele plantou a semente do blog”.

Cropped. Camila Coelho para Riachuelo%3B Quimono. Aquamar%3B Pantacourt. Clo%3B Sapato. Melissa%3B Anel e Brinco. Das ManasMarcio Mercante / AG. ODIA

Constatando que a cobrança pelo ‘corpo perfeito’ é muito mais rigorosa em cima das mulheres, Mari percebe que o blog tem inspirado muitas delas. “Fico feliz de mostrar que dá, sim, para ser uma gorda estilosa, se elas assim quiserem. Muita gente não sabe, mas é perfeitamente possível ser uma gorda que se ama, que se orgulha do seu corpo. Afinal, ele conta a minha história, sabe?”

A blogueira destaca que, muitas vezes, o preconceito vem disfarçado de ‘preocupação’ com a saúde. “Como se toda pessoa gorda fosse uma bomba-relógio prestes a explodir (e como se pessoas magras não adoecessem). Muitas doenças associadas ao sedentarismo são erroneamente creditadas ao corpo gordo (como diabetes e hipertensão). Muitos gordos praticam atividade física e estão livre de doenças”, esclarece. “Gosto do meu corpo. Faço atividade física para me manter ativa, não penso em emagrecer. Estou satisfeita”. 


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