Por daniela.lima
Rio - No fim do ano passado, o guitarrista Antonio Marinho Ferreira, ou Toni Rockeiro, teve um AVC. “Foi um susto, que passou”, alivia-se o músico, um dos fundadores do Barão Vermelho, antes mesmo da dupla Frejat e Cazuza tomar a linha de frente. Fazendo 58 anos, ele comemora o fato de estar vivo e seu aniversário com vários convidados no Saloon 79, em Botafogo, amanhã.
Antes do derrame, Toni já vinha apresentando sintomas. 
Toni Rockeiro comemora seu aniversário e recebe Guto Goffi e Big Gilson no palcoFernando Souza / Agência O Dia


“Ele tinha confusão mental”, diz a mulher, a cantora Claudia Sette. “Numa noite, pôs sangue pelo nariz. Toni precisava tomar remédios e parou, descontrolou tudo. Dias depois, acordou dando um grito horrível e teve o AVC. Foi uma sorte que tenha sobrevivido. Em 2013, já perdemos um grande cantor, que era o Ricardo Werther. Imagina tudo acabar assim?”
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Até o Barão, ele batalhava como músico de blues. Filho da zona cinzenta entre os anos 70 e 80, ele frequentava o Circo Voador, como músico e plateia, desde sua fundação. Para o Barão, foi convidado em 1981, pelo tecladista Mauricio Barros. Na época, pela iniciativa de um amigo desenhista, virou personagem de quadrinhos.
Ele fez uma série chamada ‘Toni, o Roqueiro Infernal’, publicada na revista ‘Sobrenatural’, da editora Vecchi. “Devo ser o único personagem de quadrinhos vivo!”, brinca Toni. “Tanto que o Maurício, (que era) meu vizinho no Rio Comprido, falou: ‘Você é o roqueiro infernal, cara! Vamos montar a melhor banda de rock do Brasil!’ Depois, o Frejat entrou na minha vaga”, recorda ele, que saiu da banda por conta própria.
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“O Toni era mais do blues do que do rock. O Maurício tinha verdadeira idolatria por ele. Ele era uma lenda no Rio Comprido”, lembra Goffi, que toca no show ao lado de nomes como o guitarrista Big Gilson e o compositor Paulo Zdan, parceiro do soulman Cassiano.
Toni passou a tocar na noite após sair do Barão. “Durante muito tempo, trabalhei em banco de madrugada. Fugia para dar canja nos bares e voltava”, diverte-se. Conheceu Claudia há seis anos, quando cantavam num bar. Com ela e a enteada Hanna Sette, tocou em família no Rock in Rio 4, em 2011, na Rock Street.
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“Eu estava sumido na época, ninguém tinha meu telefone. O Bruce Henry (produtor da Rock Street) e o Cecelo Frony (guitarrista) me acharam e tocamos todos os dias lá”, recorda Tony, empunhando sua guitarra Gibson Les Paul, que já tem “40 anos e foi de Duanne Almann, dos Allman Brothers”.
O músico se diz desanimado com o Rio. “Virou um enorme baile funk”, reclama. Sua mulher, no comando da festa, prefere não pensar nisso. “O importante é que vamos reunir músicos que nunca se encontram. Hoje muitos deles estão em casa, já com uma certa idade, tomando remédios. Vamos fazer algo juntos!”
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