Por clarissa.sardenberg
Rio - A fama de bad boy de Paulinho Vilhena na vida real não é nada perto do bandido audacioso e marrento que ele interpreta em ‘A Teia’, seriado policial de Carolina Kotscho e Bráulio Mantovani, com direção de Rogério Gomes e Pedro Vasconcelos, que estreia na Globo amanhã.
Cabeça da quadrilha, o personagem de Paulinho, Marco Aurélio Baroni, foi inspirado em Marcelo Borelli, assaltante conhecido por roubar 60kg de ouro do compartimento de cargas de um avião em Brasília, em 2000. Ele também foi acusado de torturar a filha da namorada, de 3 anos, para se vingar do ex-cúmplice, pai da criança. Borelli morreu vítima de complicações causadas pela Aids.
Paulo Vilhena vive ladrão que roubou 60 kg de ouro de aviãoDivulgação

“Não tive interesse em pesquisar sua vida, para deixar minha imaginação fluir. O Baroni é um cara de classe média alta, que não precisava se enveredar pelo caminho do crime. Mas o fez pela adrenalina e pelo poder que ele encontrou nessa atividade”, define o ator.

Antes reservado para fazer o homossexual Niko, da novela ‘Amor à Vida’, Paulinho acabou ficando com o papel do criminoso frio, cruel e vingativo, por se encaixar melhor nesse perfil. “Tem gente que espera a vida inteira por um personagem desses, e, para mim, chegou aos 34 anos de idade e 15 de carreira”, comemora o ator.

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Vilhena também tem, guardadas as devidas proporções, um gostinho pelo perigo. Não à toa, vez ou outra vira notícia pelo envolvimento em brigas, principalmente com a imprensa. “De polícia e ladrão, a gente brinca desde moleque. E poder brincar como gente grande, com toda a estrutura e os brinquedos que uma produção da Globo pode proporcionar, foi incrível. Eu era sempre o ladrão. É mais interessante”, ironiza o ator.
Na contramão do vilão, tem o herói, que nessa história é o delegado Jorge Macedo, vivido pelo premiado João Miguel. Caberá a ele desmontar a quadrilha de Baroni. “É o meu primeiro protagonista na TV. Deu um tesão enorme fazer, porque o Macedo tem um compromisso com a ética muito grande. Ele sabe usar o poder que tem, de maneira decente. É claro que há a ironia brasileira. Ele brinca com o bandido quando fala ‘perdeu’, mas não está abusando da autoridade, está exercendo o ofício dele. É um nordestino que não é caricato, engraçadinho. Ele não comete violência, mas está por um triz”, descreve
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João, que dispensou dublê em uma cena de capotagem e ficou pendurado em um caminhão. “Foi arriscado. Não deu medo, mas tivemos muito cuidado”, conta. Para as tomadas de ação, ele fez um ano de capoeira: “Me ajudou a trabalhar os movimentos.”
João Miguel vive o delegado Jorge Macedo%2C um policial incorruptível%2C apaixonado pelo ofícioDivulgação

Andréia Horta faz a primeira-dama do bando. Ex-prostituta, se apaixona e vive um amor bandido com Baroni. “Ela tem uma filha com um bandidinho e, quando ele vai preso, ela acaba se prostituindo para bancar a menina. Daí, se apaixona pelo Baroni e eles vivem esse amor”, conta. Sobre as cenas quentes com Vilhena, a atriz garante: “Ele foi parceiro em todos os momentos: de medo, de cansaço, de terror. Eu nem conseguia mais dormir no escuro.”

No seriado, também haverá o tão esperado beijo gay na Globo. A ex-viciada Suzane (Juliana Schalch) e Wanda (Inês Peixoto) formam o casal lésbico da quadrilha. “A relação delas é uma coisa gostosa, de namoro pueril. A Wanda é meio macho, mas com a Suzane, não. Elas têm uma troca muito real”, descreve Juliana. O beijo, segundo ela, não foi técnico. Foi para valer.
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Parece que a megaprodução, com cenas de perseguição, tortura, sexo e muito sangue, não ficará devendo em nada aos seriados americanos. Com foco na qualidade do produto, a equipe, formada por 350 pessoas, gravou em 280 locações, usou cinco helicópteros (o aluguel de cada um varia de R$ 4 mil a R$ 10 mil) e seis caminhões em mais de 20 horas de trabalho por dia, durante quatro meses. Foram utilizados 15 tipos de armas, entre elas pistolas 9mm, fuzis e metralhadoras, além de 250 mil tiros de festim. “Por fim, com o orçamento apertado, a gente acabou até trocando figurantes por tiros”, brinca o diretor Pedro Vasconcelos.
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