Rio - Gaúcha radicada em Paris, Dominique Pinto, ou Dom La Nena, 24 anos, tem a pressa e a animação típicas de uma mulher da sua idade. Fala rápido, discorrendo sobre seu passado, seus planos, projetos, seus shows ao redor do mundo, tudo ao mesmo tempo agora. Algo que contrasta com o clima calmo de suas apresentações, entre a música popular e a clássica, nas quais ela canta acompanhada apenas de seu violoncelo - como fará amanhã em seu show no Café Pequeno, no Leblon.
"É até mais trabalhoso cantar só com o cello, porque nunca nem pensei em ser cantora. Comecei a compor um conjunto de músicas com letras e aí passei a cantar. Daí tive que ganhar coordenação para cantar e tocar ao mesmo tempo. Se a voz já sai um pouco do planejado...", brinca. "E quando tu começa a cantar e ouve o som da própria voz, muitas vezes é difícil".
Em uma miniturnê que passa também por São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, ela traz o repertório do seu primeiro álbum, 'Ela', e do novo EP, 'Golondrina'. Se no primeiro disco ela focou no repertório autoral, vem com regravações no novo álbum - incluindo 'Start a War', do grupo americano The National. "Sei que não vou tocar a vida inteira só com violoncelo, daí resolvi fechar esse registro dessa forma", conta.
Dom, que adotou o "la nena" por causa dos vários anos que morou em Buenos Aires ("é algo como 'a menina', 'a pequena', e só me chamavam assim lá", graceja) foi menina-prodígio. Estuda música desde os cinco anos e envolveu-se com o cello aos oito. "Decidi que queria mesmo ser cellista aos 10 anos. Preecisei sair daqui porque em Porto Alegre nem teria muitas oportunidades. Passei a estudar obsessivamente".
Após idas e vindas entre França, Argentina e Brasil, no fim da adolescência, tocou com nomes históricos da canção francesa, como Jeanne Moreau e Jane Birkin. "Com a Jane foi o primeiro trabalho pelo qual me pagaram. Na época eu nem fazia música popular, só clássica. Meio que abriu uma luz para mim, sobre o que eu queria fazer. Viajamos o mundo todo", recorda.
Ela já havia trazido o repertório de seu primeiro disco para o Brasil no ano passado. "Ainda estou começando a conhecer o público brasileiro, mas é bem legal, porque canto em português e toco em lugares em que não se fala português. A relação com o público fica diferente", conta.
Serviço
Café Pequeno. Avenida Ataulfo de Paiva 269, Leblon (2294-4480). Quinta (13), às 20h. R$ 30.