Rio - ‘Alemão’, de José Eduardo Belmonte, se passa em uma favela, mas não está nem para ‘Tropa de Elite’, nem para ‘Cidade de Deus’ — referências do cinema nacional quando a história se passa em comunidades. Em uma trama focada na rivalidade entre dois lados de interesses opostos, representados por polícia e bandido, o filme pouco se aprofunda na vida de quem mora no local ou rotula heróis e vilões.
O cenário é o Complexo do Alemão, às vésperas de sua ocupação para a implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Milhem Cortaz, Caio Blat, Marcelo Melo Jr., Gabriel Braga Nunes e Otávio Müller vivem cinco policiais infiltrados na favela, que, após terem suas identidades descobertas pelo tráfico, se escondem para tentar sobreviver.
Quando perdem contato com o chefe da base policial (Antonio Fagundes), a tensão entre eles só aumenta — e é bem trabalhada pelo diretor. O papel do chefe do morro, o Playboy, é de Cauã Reymond. Porém, sua breve participação não lhe dá tempo para dar mais consistência ao traficante.
Aliás, esse é um problema comum a todos os personagens. Suas construções psicológicas são muito superficiais. O que torna ‘Alemão’ interessante é mais a tensão gerada pela situação vivida pelos policiais do que os questionamentos sociais sugeridos por ele.
Um ponto positivo da trama é não levantar bandeiras de quem é o bom e de quem é o mau. O que é apresentado são dois lados com interesses opostos, ambos constituídos por seres humanos munidos de diferentes ideais. Em um balanço final, ‘Alemão’ é um filme que se dispõe a levantar críticas sociais. No entanto, há um problema de discurso. Os questionamentos ficam apenas soltos no ar.