Rio - Respeitável público, a partir de hoje a Cidade Maravilhosa transforma-se, oficialmente, no maior picadeiro do mundo. Afinal, até 18 de maio, a segunda edição do Festival Internacional de Circo do Rio de Janeiro vai trazer para os cariocas 52 atrações de circo contemporâneo, nacionais e internacionais, que vão se revezar em cerca de 200 apresentações, todas gratuitas, em 62 espaços espalhados pela cidade, sendo 43 endereços em comunidades. Lonas, arenas, bibliotecas, parques, praças e até o Theatro Municipal, que pela primeira vez em sua história receberá um espetáculo circense, servirão de palco. Só uma montagem será paga: ‘Risk’, da companhia tcheca Cirk La Putyka, que abre o evento no Municipal, só para convidados, e volta ao mesmo palco no domingo, dia 11, com ingresso a R$ 1.

Ao todo, mais de 300 artistas do Brasil e de outros 13 países (Israel, República Tcheca, Holanda, Espanha, Argentina, Colômbia, Portugal, Bélgica, Inglaterra, França, Itália, Peru e Chile) vão se apresentar em montagens que trazem o que há de mais moderno no universo circense. “São espetáculos que evidenciam novas possibilidades narrativas e criam relações inovadoras entre os artistas e instrumentos clássicos, como acrobacias em trampolim, trapézio e corda”, explica o curador e diretor geral do festival, Junior Perim.
Entre os destaques da programação está o espetáculo da abertura, ‘Risk’, inédito no Brasil, cuja companhia é uma das mais respeitadas e premiadas da atualidade. A promessa é tirar o fôlego do público em números perigosos com dardos e facas afiadas, usados ao mesmo tempo em que se fazem acrobacias e saltos mirabolantes. Não foi à toa que ganhou o palco do Municipal. Outro destaque, também inédito por aqui, vem direto de Tel Aviv: a cia israelense Orit Nevo Contemporary Circus Company (ON), que mistura técnicas de circo e recursos audiovisuais em ‘Somewhere and Nowhere’, em cartaz neste fim de semana no Circo Crescer e Viver, na Praça Onze.
Entre as representantes nacionais, a paulista Cia Base estreia no festival o audacioso ‘Futebol Voador’, com artistas simulando uma partida de futebol a 20 metros de altura, pendurados em um balão enorme. “O espetáculo tem a característica peculiar de ser o primeiro no mundo a ser realizado com uma bola voadora. No ar, há a simulação de movimentos de jogadores e, no chão, artistas apresentam a história do futebol no Brasil”, conta Cristiano Cimino, diretor, roteirista e dramaturgo da companhia. E na segunda, às 14h30m e 16h30, a trupe se apresenta na Vila Cruzeiro, no campo onde o jogador Adriano começou a jogar. “O lugar tem um significado de integração fantástico”, diz Cristiano. O bicampeão brasileiro de futebol freestyle, Pedro de Oliveira, participa do espetáculo.
DESTAQUES DO FESTIVAL
Belonging - Graeae Theatre Company (Inglaterra) e Circo Crescer e Viver (Brasil). Cidade das Artes. Avenida das Américas 5.300, Barra da Tijuca. Dia 17, às 20h, e dia 18h, às 10h30.
Encontro Semanal de Malabares e Circo do RJ - Coletivo Bravos (Brasil). Praça São Salvador, Laranjeiras. Dia 12, às 19h.
FestClown Favela - Especialistas em Clown farão apresentações na Rocinha ao longo do festival. Destaque: ‘Sin Lentejuelas’ - Malo, El Malísimo (Espanha). Biblioteca Parque da Rocinha. Estrada da Gávea 454, Rocinha. Domingo, às 17h30.
Futebol Voador - Cia Base (Brasil). Cidade das Artes. Avenida das Américas 5.300, Barra da Tijuca. Sábado, às 13h e 17h. Parque Madureira. Rua Soares Caldeira 115, Madureira. Domingo, às 13h e 17h.
Igbó - Circo de Ébanos (Brasil). Lona Cidade de Deus. Rua Daniel, Campo do AP. Dias 15 e 16, às 21h.
Risk - Cirk La Putyka (República Tcheca). Theatro Municipal. Praça Floriano s/nº, Centro. Domingo, às 11h. R$ 1.
Somewhere and Nowhere - Orit Nevo Contemporary Circus Company (Israel). Lona Circo Crescer e Viver. Rua Carmo Neto 143, Praça Onze. Amanhã, às 20h, e domingo, às 18h. Grátis.
Teia (Paralaxes do Imaginário) - Cia Nós No Bambu (Brasil). Lona Park Shopping Campo Grande. Estrada do Monteiro 1.200, Campo Grande. Amanhã e sábado, às 20h. Domingo, às 18h. Grátis.
Programação completa: www.festivaldecirco.com.br.

Números circenses devem atrair 250 mil espectadores
Com investimento de cerca de R$ 5,5 milhões, festival dobrou de tamanho, saltando de 24 companhias, em 2012, para 54
Em sua segunda edição, o Festival Internacional de Circo do Rio espera um público estimado em 250 mil pessoas. O investimento foi alto: R$ 5,5 milhões , com patrocinadores do poder público e iniciativa privada. “Para se ter ideia de como o evento cresceu, o número de companhias saltou de 24, em 2012, para 54. O festival, que é bienal, dobrou de tamanho. E isso exige organização e empenho”, destaca Perim, lembrando que começou a pensar no evento deste ano assim que terminou a primeira edição.
“E já estamos produzindo o de 2016. A meta é criar uma rede no Rio que possa identificar programadores interessados em coproduzir espetáculos. Além disso, queremos sempre ampliar o papel do festival e deixar um importante legado para o circo”, ressalta o diretor geral.
O processo de escolha das companhias que participam desta edição passou por três momentos. Primeiro, os curadores percorreram festivais de circo em todo o mundo e convidaram alguns grupos. Depois, abriram inscrição para interessados, que foram avaliados e, então, selecionados. Por fim, ampliaram a participação dos grupos do Rio.
Entre os cariocas que engrossaram a lista deste ano estão as meninas do As Marias da Graça. O quarteto formado por Karla Concá, Vera Ribeiro, Geni Viegas e Samanta Anciães vai apresentar ‘Tem Areia no Maiô’, primeiro espetáculo montado pela companhia, 22 anos atrás. “Esta montagem é um clássico do grupo e foi uma escolha da curadoria. É bem carioca, já que trata da ida à praia ao domingo, e uma opção para toda a família. No mais, estamos felizes com essa oportunidade, porque é um evento internacional, gratuito e que vai para dentro das comunidades”, afirma Samantha.