Rio - Duas horas antes de pisarem no set de filmagem de ‘Ponte Aérea’, Caio Blat e Letícia Colin circulam em uma espécie de galpão na Praça de Tiradentes, que serve de base para a equipe se preparar para uma madrugada inteira de trabalho intenso. São 18h de uma terça-feira e o espaço simples é dividido harmoniosamente entre elenco, figuração e equipe técnica. Não há lugar para estrelismo. Os protagonistas do novo longa de Júlia Rezende, que levou mais de três milhões de espectadores ao cinema com ‘Meu Passado Me Condena’, se entregam às mãos de maquiadores e cabeleireiros esbanjando tranquilidade e bom humor.
“Não tenho nenhuma tatuagem e, como o Bruno tem várias, levo uma hora me arrumando. O pessoal da caracterização também me bronzeia, porque sou muito claro e o meu personagem é um carioca que vive na praia”, diz Blat.
Foi esse contexto que a reportagem do DIA encontrou ao acompanhar uma sequência do filme rodada em uma rua do Rio antigo, para, em seguida, continuar no interior do Centro Cultural Carioca, no Centro, onde foi montado o cenário de uma festa de bodas de ouro. Em ‘Ponte Aérea’, o casal Amanda (Letícia Colin) e Bruno invade o evento com o único objetivo de curtir. Mas, diante de tantos idosos, acabam refletindo sobre envelhecimento. Para que tudo saísse conforme o planejado, 50 profissionais estavam presentes no set. “Estou feliz em fazer um filme grande como esse, com um personagem legal e ao lado do Caio, que é um ator que eu sempre admirei. A gente troca muito e é uma delícia ver uma diretora tão jovem e brilhante no comando da equipe”, comenta a atriz.
De fato, a juventude de Júlia Rezende impressiona, afinal ela tem apenas 28 anos. Como não poderia deixar de ser, a expectativa é grande em torno do novo trabalho da filha do cineasta Sérgio Rezende e da produtora Mariza Leão depois do sucesso de ‘Meu Passado Me Condena’. “Não tenho obrigação de repetir o feito e, na verdade, não repetirei. ‘Ponte Aérea’ é um filme menor, mais íntimo. A graça está em não ter que corresponder a nenhum tipo de expectativa. Mas ter feito um sucesso antes é bacana, amadureci como diretora”, reconhece, completando que vai dirigir no fim do ano ‘Meu Passado Me Condena 2’.
Apesar de ‘Ponte Aérea’ não ser uma comédia e por isso ter chances remotas de levar milhões de espectadores ao cinema, não resta dúvida de que o tema abordado é de fácil identificação popular. Na história, Amanda e Bruno se conhecem em um desvio de rota de um voo, se apaixonam e dão início a uma relação à distância: ela em São Paulo, ele no Rio. E morar em cidades diferentes não é o único problema do casal, que mais parece água e vinho.
“O Leo é um carioca típico, que vai quase todo dia à praia, trabalha com arte, mas não é um profissional e por isso não tem grana. Já a Amanda é uma executiva superbem-sucedida. De repente, a química bate, só que os mundos deles são completamente diferentes”, adianta Blat.
Dizer que os opostos se atraem é clichê puro, mas, saber se um romance nesses moldes pode dar certo, é mistério. “Eu acredito que quando os dois querem ficar juntos, eles podem se ajustar. Mas não é fácil”, pondera Colin, que concilia as filmagens com as apresentações do musical ‘O Grande Circo Místico’. Ao contrário do que acontece com os personagens, os atores pensam de maneira parecida. “É difícil de administrar, de permanecer junto quando as personalidades são distintas, ainda mais quando a distância também é um empecilho. Mas não é impossível”, afirma Blat, que vai viver um vilão em ‘Falso Brilhante’, próxima novela das nove.
As filmagens de ‘Ponte Aérea’ devem terminar no fim deste mês e o filme tem previsão de estreia para março de 2015.
Reportagem: Regiane Jesus