Por karilayn.areias

Rio - Colocar os pés na Fazenda São Luiz da Boa Sorte, em Vassouras, é uma imersão nos áureos tempos do café, mas a área externa não poderia ser mais atual. Parte integrante do Projeto Casa Real, que tem entrada franca, a exposição de arte contemporânea ‘Entre a Fazenda e o Arranha-Céu’, que tem curadoria de Fernando Cocchiarale, acontece em meio aos jardins da propriedade secular, transformando o local numa verdadeira Inhotim fluminense.

Fachada da Fazenda São Luiz da Boa Sorte%2C de 1935Divulgação

A versão no Rio da cidade mineira que é considerada o maior centro de arte ao ar livre da América Latina revela obras como uma escultura feita com fuscas. “Gosto de transformar objetos do cotidiano em obra de contemplação. Estar em um projeto que une tradição com contemporaneidade é um privilégio”, afirma o artista plástico Jarbas Lopes, o autor da peça.

Suzana Queiroga segue um conceito similar. A artista plástica produz em vinil. “Esse material possui delicadas transparências e um universo de cores que me interessa muito”, explica ela.

Os jardins da fazenda, de 1835, recebem ao todo 12 trabalhos, incluindo as projeções de poemas assinadas por Xico Alves e as maquetes de Anna Bella Geiger. “As obras que estou expondo em ‘Entre a Fazenda e o Arranha-Céu’ têm elementos arquitetônicos de períodos históricos diferentes”, diz a artista plástica.

Essa escolha da artista certamente não foi por caso. Ao mesmo tempo que a área externa da Fazenda São Luiz da Boa Sorte ganha ares de Inhotim, a parte interna da propriedade se transporta para a época em que 15 cidades do interior fluminense eram responsáveis por 75% do café consumido no mundo. De hoje a 27 de julho, o público pode conhecer de perto como viviam no século 19 os barões do Vale do Café. O convite para essa verdadeira viagem no tempo também faz parte do Projeto Casa Real. “A nossa ideia com esse projeto é levar a cultura do Vale do Café ao Vale do Café, é fazer com que as pessoas se sintam visitando a casa de um barão do século 19”, diz a jornalista Liliana Rodriguez, organizadora do Casa Real ao lado do marido, Nestor Rocha.

Ao entrar na casa da fazenda, o visitante é apresentado a 30 ambientes decorados com fidelidade ao que se via nas propriedades dos barões do café. São ambientes como a Sala dos Senhores, assinada pelo arquiteto Thoni Litsz, que reconstituiu o mesmo cômodo do Palácio de Mônaco. “Reproduzi em papel de parede o tom amarelo-ocre e a estampa do Palácio de Mônaco, porque os barões importavam tudo de lá, inclusive os arquitetos”, conta Litsz.

Uma curiosidade é que as mulheres não tinham acesso a esse espaço. “Era na Sala dos Senhores que os negócios eram fechados. Nesse lugar ouvia-se música, tomava-se um café, e os homens faziam grandes transações comerciais”, explica o arquiteto.

Para levar os visitantes à realidade da nobreza brasileira nos áureos tempos do café, a arquiteta Roseli Muller foi buscar inspiração em um renomado artista plástico francês. “Debret virou referência nesse trabalho porque ele retratava os costumes da época nas suas obras. Na Sala de Jantar Nobre, a mesa de 16 lugares é servida à moda francesa. Nesse ambiente, usei móveis que já eram da fazenda e peças de antiquário. As paredes estão decoradas com cinco telas que pedi para a artista plástica Dominique Jardy fazer, retratando a história do plantio e da colheita do café”, detalha Muller.

Festival Vale do Café

O festival, que vai até o dia 27 de julho, tem a música como destaque deste domingo. A Igreja Matriz São João Batista recebe a Orquestra de Jazz às 11h, em Engenheiro Paulo de Frontin. No mesmo horário, tem Grupo de Percussão na Praça Doutor João Nery, em Mendes. As duas apresentações são gratuitas. Veja a programação completa no site www.festivalvaledocafe.com

Serviço

Projeto Casa Real, 'Entre a Fazenda e o Arranha-Céu': Fazenda São Luiz da Boa Sorte, Rodovia Lúcio Meira, BR 393,  Km 210, Vassouras – RJ. De 20 a 27 de julho, de meio-dia às 18h. Grátis.


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