Por karilayn.areias

Rio - O rock rola direto numa das mais famosas comunidades cariocas, a Cidade de Deus. “Nosso evento recebe 500 pessoas! Bem menos que o baile funk do domingo, mas a quadra já ficou lotada!”, diz o taxista, músico e agitador Murilo Freitas, que põe de pé no próximo sábado mais uma edição do CDD Rock Baile, único festival de rock da comunidade, que aglutina bandas e fãs locais. É na quadra da escola de samba Coroado de Jacarepaguá às 21h.

Rayssa%2C do Domestic JunkiesDivulgação

“A Cidade de Deus é roqueira! Em poucos lugares do Rio você encontra fãs de tantas vertentes do rock. E todo mundo faz amigos e monta bandas”, conta Rayssa Baldez, lourinha que canta, toca guitarra e bateria (não simultaneamente, claro!) na banda punk-grunge Domestic Junkies, que divide com o irmão e o namorado. “Nossas músicas falam o que a maioria de nós passa quando tá na m...: briga, enche a cara, perde o namorado ou a namorada e é tratado como lixo de modo geral”, relata a garota.

Dessa vez, eles não estão no evento, que tem Iron Price, Caos Ordenado, Clausura Gris e Mau Presságio (a banda punk mais longeva da CDD, com 15 anos), além do Green Day Cover. “E também pinturas, poesia, performance”, acrescenta Murilo. “Quem quiser mostrar sua arte é bem-vindo”.

O punk faz sucesso lá, no palco e em animadas rodas. “Fiz também uma edição grunge que foi a maior emoção. Um vocalista ficou emocionado porque já cantou para pessoas que nem bateram palmas”, conta o produtor. O Mau Presságio tem canções podronas e divertidas como ‘Motoboy Tarado’ e ‘Tô Ateu’ e um vocalista, Chiquinho (ou Francisco Fábio), que já destruiu uma camisa dos rapazes coloridos do Restart no palco do CDD Rock Baile. “Eu a joguei para a plateia, que rasgou tudo. Depois taquei fogo”, brinca o cantor, que sempre sai do palco com a roupa rasgada. “Minha mulher até entrou com uma ação judicial para eu não ficar pelado em público”, brinca Chiquinho.

Numa edição do CDD que aconteceu na mesma época do Rock in Rio 5, em 2013, Murilo decidiu fazer uma brincadeira com o “concorrente” e batizou os dois palcos de “palco mundo” e “palco imundo”. “Na última edição, chamei o palco menor de ‘palcozinho’. Dessa vez vamos ver como vai ficar”, brinca. E ele quer mesmo salvar o rock na Cidade de Deus. “Já vi garoto que só ouvia funk e passou a andar de camisa preta. Hoje até a TV tem mais programas com rock. Pô, ‘O Caçador’ (série da Globo) tem Secos & Molhados na abertura”, conta.

Você pode gostar