Rio - Grupo criado em 1982 na atmofera punk de Brasília, o resistente Capital Inicial é atualmente uma banda pop que em nada lembra o quarteto de hits seminais como ‘Veraneio vascaína’, música herdada do espólio da banda Aborto Elétrico (1978-1982).

‘Viva a revolução’ — EP lançado pelo Capital Inicial com seis músicas inéditas inspiradas nas manifestações sociais que agitaram o Brasil a partir de junho do ano passado — poderia fazer algum sentido se a banda ainda conservasse o espírito daquela época. Mas o fato é o que o disco, produzido por Liminha, soa sem rumo, sem peso e se perde entre clichês musicais e ideológicos.
As contradições saltam logo aos ouvidos em meio aos versos das letras rasas. “Somos seres do bem / Não baixaremos a cabeça para ninguém”, avisa o rap posto pelo grupo carioca Cone Crew Diretoria na faixa-título ‘Viva a revolução’ (música panfletária também exposta no EP sem a participação da banda de rap). “Em tempos assim, é melhor baixar a cabeça e deixar a tempestade passar”, propõe o vocalista Dinho Ouro Preto em versos do rock “Bom dia, mundo cruel”.
A falta de ideologia se estende à música. Em seu último (bom) álbum, ‘Saturno’, lançado em 2012, o Capital tentou reanimar seu espírito juvenil com mistura de baladas e rocks pesados. Em ‘Viva a revolução’, falta peso e sobram ocas frases de efeito como “A violência da televisão explode em mentira no ar”, ouvida no pop rock ‘Tarde demais’.
Como de hábito, o grupo aposta nas baladas, que têm lhe garantido sucesso desde o popular ‘Acústico MTV’ de 2000. Em ‘Viva a revolução’, baladas como ‘Melhor do que ontem’ e ‘Coração vazio’ (canção de tom folk gravada com a adesão de Thiago Castanho, guitarrista do Charlie Brown Jr.) reiteram a pegada de grupo sem ideologia.