Rio - Em 1970, o então jovem fotógrafo Alberto Melgar foi convidado por Joan Miró (1893- 1983), já um proeminente artista catalão, para visitar seu estúdio, em Palma de Mallorca. Miró, que era pintor, escultor, gravurista e ceramista, tinha boas referências acerca do trabalho fotográfico de Melgar e pensava em contratá-lo para alguns serviços.

“Eu tinha menos de 30 anos e minha obra fotográfica era escassa”, lembra Melgar. Não tardou, tornaram-se amigos. E mais: Alfredo Melgar apaixonou-se pelas artes plásticas, iniciou uma vasta coleção de obras e tornou-se um dos mais destacados galeristas de Madri na atualidade. Entre seus preferidos está Miró, de quem formou uma das mais importantes coleções particulares de todo o mundo. Agora, parte deste acervo poderá ser vista aqui no Rio, a partir de amanhã, na exposição ‘A Magia de Miró’, em cartaz na Caixa Cultural, com entrada franca.
Ao todo, são 69 desenhos e gravuras da coleção de Melgar, que também assina a curadoria da mostra. “Antes de tudo, Miró foi um grande gravurista, e a exposição ressalta isso. São trabalhos produzidos entre 1962 e 1983, os últimos 20 anos de vida do artista. As peças revelam um plano mais íntimo do mundo de Miró. Há gravuras que são verdadeiros experimentos até chegar à obra original. Ou seja, está exposto ali o seu processo criativo", explica Denise Carvalho, produtora executiva da exposição e organizadora da mostra no Brasil. O valor estimado das obras em exposição ultrapassa R$ 12 milhões.
A produtora destaca três gravuras: ‘O Cavalo de Ébrio’, ‘Amazona’ e ‘Colhedora de Uva’. “São trabalhos muito exuberantes, que ressaltam a paleta de cores de Miró: primárias, fortes, características de sua obra. Ele tinha especial talento para misturar as cores. Nada era utilizado ao acaso. Tudo fazia parte da técnica sofisticada do artista. Em suma, essas gravuras reúnem importantes características da obra de Miró”, avalia Denise.

‘A Magia de Miró’ exibe, ainda, 23 fotografias em preto e branco do artista catalão, todas elas feitas pelo fotógrafo e amigo Melgar, também conde de Villamonte. “São imagens captadas ao longo de anos de convivência e que também mostram o artista em sua intimidade”, conta a produtora. Algumas das imagens foram feitas poucos dias antes da morte de Miró, em 25 de dezembro de 1983. Em uma delas, o artista, já velho, segura uma escultura de metal, seu próprio retrato criado pelo escultor norte-americano Alexander Calder.
A exposição segue em cartaz no Rio até 28 de setembro. A visitação pode ser feita de terça -feira a domingo, das 10h às 21h. Depois, a mostra segue para Recife e Salvador.