Por daniela.lima

Paulínia - Entre filmes de cineastas veteranos como Domingos de Oliveira e histórias estreladas por atores como Fernanda Montenegro, Daniel de Oliveira e Deborah Secco, foi o primeiro longa-metragem do pernambucano Camilo Cavalcante que desbancou os concorrentes no 6º Paulínia Film Festival. Ao retratar crônicas de morte e vida no sertão nordestino, ‘A História da Eternidade’ ganhou o troféu Menina de Ouro de Melhor do Júri e o valor de R$ 300 mil. Além de faturar as categorias de Melhor Diretor, Ator (Irandhir Santos), Atriz (Marcélia Cartaxo, Zezita Matos e Debora Ingrid, protagonistas das três histórias que compõem o filme) e o Prêmio da Crítica (Júri Abraccine).

Irandhir Santos em ‘A História da Eternidade’Divulgação


“Esse filme foi um mergulho no tempo e no espaço daquela região, onde a única forma de comunicação era um orelhão. É um Nordeste intocado, que ainda existe”, definiu Cavalcante sobre o vilarejo de Santa Fé, a 60 km de Petrolina (PE), local onde rodou o longa. A trama que arrebatou o festival baseia-se em três histórias envolvendo amor e desejo. Em uma delas, um artista (Irandhir Santos) ajuda a sobrinha (Debora) a realizar o sonho de ver o mar. Em outra, uma avó (Zezita) entra em conflito a partir de um sentimento quase incestuoso pelo neto. E na última, uma viúva (Marcélia) abre seu coração novamente.

A expressão ‘sorte de iniciante’ não se aplicou apenas a Cavalcante. O carioca Fellipe Barbosa também se destacou com ‘Casa Grande’, primeiro longa de ficção sob sua direção. Foram quatro prêmios para o drama, que aborda a divisão de classes sociais a partir da vida de um menino da classe alta do Rio de Janeiro — o Prêmio Especial do Júri, Ator Coadjuvante (Marcello Novaes), Atriz Coadjuvante (Clarissa Pinheiro) e Roteiro (Fellipe e Karen Sztajnberg). “O festival apresentou novos cineastas e isso quer dizer que estamos nos renovando”, concluiu Cacá Diegues, homenageado do evento.

Além de destacar novos diretores, a sexta edição do Paulínia Film Festival apresentou uma seleção com temáticas polêmicas em comum, como a vida de transformistas. Inicialmente um dos mais cotados ao Menina de Ouro, ‘Boa Sorte’, protagonizado por Deborah Secco e dirigido por Carolina Jabor, ficou com o Prêmio do Público e Direção de Arte (Claudio Amaral Peixoto). “É engraçado e muito importante ganhar o Prêmio do Público. Quando comecei a produzir esse filme, encontrei resistência de todos os lados. Achavam que não era um filme comercial”, disse a cineasta, que, por coincidência, também é marinheira de primeira viagem na direção de longas.

Os outros prêmios ficaram entre ‘Sangue Azul’, de Lírio Ferreira, que venceu os Troféus de Melhor Fotografia (Mauro Pinheiro Jr) e Figurino (Juliana Prysthon), o musical ‘Sinfonia da Necrópole’, considerado o filme com a melhor trilha sonora; o documentário ‘Aprendi a Jogar com Você’, de Murilo Salles, pela melhor montagem; e o docudrama ‘Castanha’, de Davi Pretto, pela qualidade técnica do som.

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