Por daniela.lima
Com sete prêmios Grammy de Melhor Vocalista%2C Al Jarreau reconhece que sua voz envelheceuDivulgação

Rio - O célebre cantor pop-jazzista Al Jarreau já se apresentou algumas vezes no Brasil. Este mês, ele está de volta ao nosso país, que gosta tanto, especialmente da música, tendo regravado em sua carreira canções, por exemplo, de Tom Jobim. Os shows serão no HSBC Arena de São Paulo, dia 14, e no festival de jazz & blues de Rio das Ostras, na Região dos Lagos, no dia 16. A relação de Jarreau com o Brasil é de longa data, e segue, mas lá atrás um momento especial entre idas e vindas ao país não sai de sua cabeça.

“Me transporto imediatamente para 1985, na primeira edição do Rock in Rio, e lembro de 180 mil pessoas cantando com James Taylor ‘you just call out my name... you’ve got a friend’. Percebi ali o quanto a música é uma linguagem universal que todo ser humano sabe falar”, emociona-se Al Jarreau, que se apresentou naquela mesma noite, quando Taylor entrou para a história protagonizando um dos momentos mais emocionantes do festival. “Portanto, não é surpreendente afirmar que a música brasileira mudou a minha vida, colocando novos ritmos, emoções e sentimentos dentro do meu coração e alma jazzista. O Brasil mudou a minha vida e me sinto muito melhor por causa disso.”

Gratidão é a palavra. Tanto que seu novo disco, ‘My Old Friend: Celebrating George Duke’, como o próprio título já sugere, é um tributo ao seu amigo, o lendário pianista, compositor e produtor George Duke (1946-2013), que começou a carreira nos anos 60 na banda do clube de jazz Half Note, em San Francisco, Califórnia, que era liderada justamente por Al Jarreau. “Tocamos juntos por três anos naquele clube. Quando fechou as portas, em 1968, eu e George seguimos nossas carreiras separadamente, mas foi um período muito importante para mim”, recorda.

Jarreau começou cantando na igreja, e logo sua voz única chamou a atenção. Tanto que, ao longo da carreira, já faturou sete prêmios Grammy de Melhor Vocalista. No entanto, aos 74 anos, ele assume que não alcança mais as notas agudas do passado, “mas, como acontece com qualquer pessoa quando envelhece, a voz muda e você desenvolve uma interpretação mais intensa e rica, que lhe permite até uma nova forma de expressão”, explica. “A coisa mais importante para manter a voz é se manter saudável, não beber e não fumar. E eu fiz as duas coisas! Mas consegui parar. É inevitável que a garganta envelheça quando se vive muito.” 

Canto de frente para o mar

Al Jarreau fará o encerramento do festival de jazz de Rio das Ostras, no interior do estado do Rio. Vai se apresentar do jeito que mais gosta: de frente para uma praia de águas claras e boas ondas para o surfe. “Eu amo shows ao ar livre. Começamos esse papo justamente lembrando do Rock in Rio, em 1985, não é? Pessoalmente, prefiro esse tipo de performance do que em casas fechadas, porque ela proporciona um delicioso clima de festa”, conta.

Rio das Ostras espera receber 40 mil pessoas por dia de evento, neste e no próximo fim de semana. Outra grande atração confirmada é o guitarrista brasileiro Pepeu Gomes, que se apresenta na noite de amanhã, depois do não menos importante baixista norte-americano Marcus Miller, célebre por seu trabalho com Miles Davis. A programação completa pode ser conferida no site www.riodasostrasjazzeblues.com.

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