Por clarissa.sardenberg

Rio - Antes da aparição impactante do trio paulista Os Mutantes em 1967, no apogeu da era dos festivais, o rock produzido no Brasil se limitava a copiar a matriz norte-americana e a seguir a receita pop de bandas inglesas como Beatles e Rolling Stones. Foram Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias que deram identidade nacional ao rock ‘made in Brasil’. As novas reedições dos seis álbuns gravados pelo grupo com Rita entre 1968 e 1972 — discos ora embalados na caixa ‘Os Mutantes’, da Universal Music — permitem reavaliação de discografia que resiste bem ao tempo. Para quem já tem as reedições avulsas de 2005, produzidas com capricho pelo pesquisador musical Marcelo Fróes, a isca para comprar a caixa reside na coletânea ‘Mande um abraço pra velha’, produzida por Rodrigo Faour com a reunião de gravações feitas pelos Mutantes fora de sua discografia oficial (são colaborações com Caetano Veloso e Rogério Duprat, entre outros nomes). De todo modo, cabe a informação de que os álbuns passaram por novo processo de remasterização, feita por Luigi Hoffer e por Carlos Savalla. Esse detalhe é relevante para os colecionadores de discos, ainda que o som das reedições de 2005 já seja satisfatório.

Rita Lee e os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias são a formação clássica do grupo paulista Os Mutantes%2C que tem reeditados seis álbunsReprodução da capa do CD Mutantes (1969)

Musicalmente, as audições dos álbuns da caixa mostram como a discografia do trio, embora sempre relevante, foi perdendo qualidade ao longo dos anos 1970. As obras-primas da discografia do grupo são ‘Os Mutantes’ (1968), ‘Mutantes’ (1969) e ‘A divina comédia ou ando meio desligado’ (1970). A queda é mais nítida em ‘Jardim elétrico’ (1971) do que no derradeiro ‘Mutantes e seus cometas no país dos baurets’, último álbum dos Mutantes ao lado de Rita Lee (mas o segundo disco solo de Rita, de 1972, é quase um álbum dos Mutantes). No todo, a obra é boa. Embarque na viagem.

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