Por clarissa.sardenberg

Rio - ‘Biografia chapa-branca? Daquelas que a gente só conta as partes boas? Pô, se o que coloquei no meu livro é a parte boa, acho que não aguento a parte ruim...”, defende-se Naldo Benny, antecipando prováveis críticas ao livro ‘Cada Vez Eu Quero Mais’ (Ed. Planeta, 128 págs., R$ 31,90), no qual conta um pouco de sua história. “Chegava de madrugada dos bailes e a favela estava embaixo de bala. Tive depressão quando morreu meu irmão (em 2008, o corpo de Lula foi encontrado carbonizado em uma favela de Padre Miguel, um mês depois de seu desaparecimento). Cheguei a pesar 102kg. As pessoas dizem: ‘Eu imagino’. Mas ninguém consegue imaginar mesmo o que é ter depressão. Coisas boas, vivo só agora...” 

Naldo lança biografia e anuncia que quer transformá-la em filme%2C com Will Smith fazendo seu papelMárcio Mercante / Agência O Dia


Naldo diz que sempre achou que sua vida daria um livro. O próximo passo será o filme. “Quando contei para o (ator e cantor norte-americano) Will Smith as coisas que passei, ele bancou na hora que seria um ótimo roteiro”, entusiasma-se, lembrando que conheceu o astro internacional aqui no Rio de Janeiro, durante o Carnaval do ano passado. “Como sou um cara que sonha alto, estou indo para os Estados Unidos.Dia 31 canto no Brazilian Day, em Nova York, depois vou a Los Angeles gravar um clipe. Lá, vamos nos encontrar, vou levar um exemplar do livro em mãos e fazer o convite oficial para ele fazer o meu papel.”

Enquanto não gira pelos sets de filmagem, Naldo já vai experimentando uma outra mudança de cenário. No dia 24, ele estará na Bienal de São Paulo com o seu lançamento. “É um megacompromisso, e uma grande novidade na minha carreira. Nunca fiz parte de uma Bienal, mas encaro como mais uma conquista para mim”, comemora.

No Rio, ele canta nesta sexta-feira, no Barra Music (leia mais ao lado) e, no dia 2 de setembro, promove tarde de autógrafos na Fnac do BarraShopping. Foram três meses enviando escritos para a editora, que organizou o material sem necessariamente obedecer a uma ordem cronológica. “Não é uma biografia. É algo mais para os fãs. Quis reunir histórias desde os meus tempos de criança até a realização do sonho de ser bem-sucedido como artista”, explica.

Ele garante que não tem nada de chapa-branca. Mas também não tem nada de Branka, sua ex-mulher, com quem tem um filho, Pablo, de 16 anos. “Essa parte da minha história eu não coloquei no livro, não. Até mesmo judicialmente não seria bom. Preferi focar na música”, ressalta.

O DISCO PERDIDO

‘Cada Vez Eu Quero Mais’ marca também os 15 anos de carreira de Naldo, contados a partir de 1999, quando gravou, ainda em dupla com o irmão Lula, o que seria seu primeiro lançamento, pela gravadora EMI. “Era um disco sensacional!”, orgulha-se. “Gravamos com músicos incríveis, como William Magalhães e Paulinho Guitarra, produzidos por Torcuato Mariano. Era uma pegada mais soul, mais black music. Mas ainda me dói ouvi-lo, porque tem a voz do meu irmão... mexe comigo...”

As músicas permanecem inéditas até hoje, mas Naldo considera regravar: “Eram nove composições minhas e duas do Lula. Tinha uma muito legal chamada ‘Brilho do Sol’ que penso em resgatar, sim”, considera. “A gravadora teve problemas com nosso empresário na época, e a gente era muito imaturo. Daí o tempo foi passando e o disco nunca saiu”, lamenta.

SEM LIMITES

Também não entrou no livro uma polêmica recente envolvendo Naldo. Sua nova turnê, que estreia sexta-feira no Barra Music, se chama ‘Sem Limites’. O problema é que outro nome do funk, MC Duduzinho, já é conhecido no meio por uma música de mesmo nome. Naldo foi bombardeado nas redes sociais e até acusado de plágio. “Não tem nada disso, somos amigos, tem várias fotos da gente junto no Instagram. E ele vai cantar comigo neste meu show”, esclarece o anfitrião.
Em ‘Sem Limites’ (do Naldo), ele recebe também no palco a dupla Cidinho & Doca, Bob Rum, Márcio G e Duda do Borel.“O espetáculo é uma homenagem aos precursores do funk carioca. Vou cantar grandes clássicos, como ‘Rap da Felicidade’ e ‘Rap do Silva’”, detalha.
O convite para o camarote regado é um cartão de crédito literalmente... sem limites! “Criei essa ideia, do Benny Card, eu até assino como presidente do Naldo Bank. Os vips vão poder consumir uísque, vodca, água de coco, o que quiserem, tudo de graça”, diverte-se.

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