Por daniela.lima

Rio - A entrega dos prêmios da Academia Brasileira de Cinema na última terça-feira no Theatro Municipal teve como novidade a criação de uma categoria especial, a de melhor comédia. A decisão, segundo o Presidente da Academia, Roberto Farias, teria como objetivo prestigiar um gênero subestimado. A justificativa parece contraditória, sobretudo quando se observa o grande número de comédias realizadas no Brasil e a boa resposta na bilheteria. Mais estranho ainda é a presença de um mesmo longa nas categorias melhor filme e melhor comédia, caso de ‘Cine Holliúdi’, de Halder Gomes, que acabou levando o prêmio de Melhor Comédia.

Paulo José e Leila Diniz no filme ‘Todas as Mulheres do Mundo’Reprodução


Questionamentos à parte, a festa foi um espetáculo, com uma bela homenagem a Domigos de Oliveira e em especial à sua obra-prima ‘Todas as Mulheres do Mundo’, de 1966, um filme que venceria com certeza em qualquer categoria. A entrega foi encadeada com uma encenação interpretada por Caio Blat e Maria Ribeiro, que ecoava cenas do filme exibidas na grande tela do Theatro. O resultado primou pela originalidade, fluência e simpatia.

Apesar do destaque à comédia, a grande vencedora da noite foi a música brasileira, diretamente representada pelos vencedores nas categorias Melhor Filme e Melhor Documentário. ‘Faroeste Caboclo’, de Rene Sampaio, inspirado na música homônima de Renato Russo, recebeu o concorrido Grande Prêmio, com adversários de peso, como ‘Flores Raras’, de Bruno Barreto, ‘Tatuagem’, de Hilton Lacerda, ‘O Som ao Redor’, de Kleber Mendonça Filho e ‘Cine Holliúdi’. Já na categoria Documentário, ‘A Luz do Tom’, homenagem de Nelson Pereira dos Santos a Antônio Carlos Jobim, confirmou a força do apelo musical no cinema brasileiro.

A se lamentar apenas que ‘Tatuagem’, a viagem lisérgica aos bastidores de uma trupe anárquica de teatro no Nordeste dos anos 70, tenha saído de mãos abanando numa premiação de generosa distribuição. A se comemorar a feliz homenagem ao pioneiro curso de cinema da UFF na figura do professor e ator José Marinho, que engrandeceu o evento com uma inspirada citação de Guimarães Rosa. Com a reverência, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro fechou as pontas prestigiando os profissionais que realizam e aqueles que contribuem para a formação destes mesmos profissionais. Grande noite.

AÇÃO!

* O Festival MIMO de Cinema recebeu este ano um recorde de inscrições: 157 obras, entre curtas, médias e longas-metragens com temática musical, das quais 26 foram selecionadas para exibições durante o evento em Ouro Preto (29 a 31/08), Olinda (4 a 7/9), Paraty (10 a 12/10) e Tiradentes (17 a 19/10). ‘Cauby – Começaria Tudo Outra Vez’, dirigido por Nelson Hoineff, e ‘A Farra da Circo’, de Roberto Berliner e Pedro Bronz, integram a Mostra Panorama Brasil.

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