Rio - Em 11 de janeiro de 1985, Roberto Medina inaugurava o Rock in Rio na Cidade do Rock, em Jacarepaguá. Entre shows memoráveis, estavam AC/DC, Queens, com a antológica execução de ‘Love of My Life’ por Freddy Mercury, e Barão Vermelho, com o coro uníssono da plateia em ‘Pro Dia Nascer Feliz’. Trinta anos se passaram e o ambicioso projeto de Medina agora avança mais um passo em direção ao maior mercado mundial do show business: os Estados Unidos.
Em evento com pocket-shows de John Mayer e Sepultura com Tambours du Bronx, que reuniu 75 mil pessoas na Times Square e ocupou os telões de um dos maiores cartões-postais de Nova York, o Rock in Rio anunciou ontem detalhes da primeira edição americana, em Las Vegas entre os dias 8, 9, 15 e 16 de maio. Será um investimento de 75 milhões de dólares. Foram confirmadas as datas da próxima edição no Rio: de 18 a 20 e 24 a 27 de setembro de 2015.
Também foram anunciadas atrações das versões de Las Vegas e do Rio. No Rock in Rio-USA, a banda de heavy metal Metallica será um dos ‘headliners’ ao lado da estrela teen Taylor Swift. Os grupos Deftones, Linkin Park e No Doubt estão entre os confirmados. Já no Rio, a cantora pop Katy Perry foi uma das atrações anunciadas — e atesta o apelo pop verificado desde a retomada do festival no Brasil em 2001. John Legend completa a lista e é o único confirmado nas duas edições.
A ação de ontem marcou o início da venda de ingressos do Rock in Rio em Las Vegas. Brasileiros poderão comprar a entrada no site Ingresso.com. A venda de ingressos para a edição carioca, será iniciada em novembro. Filha do criador e vice-presidente do Rock in Rio, Roberta Medina contou ainda que haverá um evento no Rio, no dia 11 de janeiro de 2015.
No coração da Times Square, Roberto Medina confidenciou ao DIA que vive momentos de nostalgia. E lembrou que só se deu conta da realização de um sonho “até então solitário de atrair milhares de pessoas” quando chegou à Cidade do Rock naquele 11 de janeiro, há 30 anos, e viu uma multidão se dirigindo ao evento e correndo pela grama no momento em que as portas abriram. Em dez dias, o evento reuniu mais de 1 milhão de pessoas.
Com a entrada no mercado americano, ele afirma ter criado “a primeira multinacional de entretenimento da história do Brasil”. Medina diz ainda que sua iniciativa rompe a cultura de importação de produtos americanos. “Fui educado a importar tudo que vinha daqui. E agora estamos exportando”, afirma. E concluiu: “Sei bem que estou no berço do show business do mundo. Mas posso te garantir: o que fazemos não existe em lugar algum e faremos aqui melhor do que eles”.
Sons do Brasil na agenda
A música brasileira está com passaporte e visto garantidos no Rock in Rio americano. Mas não deverá ter o mesmo espaço dedicado a ela nas edições brasileiras e de Lisboa e Madri. Para o presidente, Ricardo Medina não é essa a missão do festival. “Quero levar Carlinhos de Jesus e boi bumbá, mas não acho que é nossa responsabilidade de virar o jogo da música brasileira nos Estados Unidos”, comentou. “Isso quem poderia fazer é o governo, que precisa reconhecer a cultura e o entretenimento como capital”.
Curador do palco Sunset, que ganha a cada edição mais espaço e atenção no festival, especialmente no Brasil, Zé Ricardo pretende despertar o interesse dos americanos na música brasileira. Mas diz que a proposta inicial é focar holofotes no festival em si: “Queremos que essa troca aconteça naturalmente, como foi em Lisboa e em Madri”.
Para Roberta Medina, o Rock in Rio já promove o país com seu o nome. O crescimento da exposição do Brasil no mundo, afirmou ela, não foi o motivo maior da entrada no mercado americano, mas sim a conexão com sócios do Cirque du Soleil, que se tornaram parceiros na empreitada em Las Vegas. Ele acredita, no entanto, que a próxima edição carioca terá mais turistas internacionais, especialmente pelo sucesso da Copa do Mundo.
Reportagem de Pedro Henrique França