Por roberta.campos

Rio - Uma jovem de 75 anos. É assim que se sente a Orquestra Sinfônica Brasileira. O mais tradicional conjunto sinfônico do país festeja as sete décadas e meia de vida com uma série de concertos contemplando obras de compositores cariocas, na Cidade das Artes, em homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro — no próximo sábado, o espetáculo ‘Minha Alma Canta’ destaca músicas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Engana-se quem pensa que o universo erudito seja “coisa daquela turma de conservatórios, daqueles antigões”, e que esse tipo de música não conquiste novos públicos. Há na OSB uma nova geração de instrumentistas, e não é porque tocam instrumentos como tímpano ou fagote que abrem mão da praia e de festas ou sejam diferentes de pares de sua geração. “A gente tenta derrubar esses estereótipos. Eu adoro praia e ainda quero aprender a surfar”, sonha a percussionista Fernanda Kremer.

‘À paisana’%2C os jovens integrantes Victor%2C Fernanda%2C Rafael e WagnerDivulgação

No palco, arrumam-se impecavelmente. No dia a dia, o figurino dessa turma é casual. E os mestres eruditos dividem com os ídolos da música pop o espaço em suas estantes de títulos digitais — onde um CD de Marisa Monte convive harmoniosamente com sonatas de Mozart. Victor Botene toca viola na OSB, mas defende uma grana por fora como modelo e não recusa uma noitada regada a música eletrônica. “Frequento muito a Lapa, gosto da boemia”, assume.

Claro, a curtição sempre vem depois das várias horas de prática diárias — incluindo fins de semana. Difícil é querer sair à noite e ter que chegar cedinho para os ensaios com a orquestra. “Ainda mais quando se gosta de beber vodca!”, completa o violinista Wagner Rodrigues.

Para o trombonista Rafael Paixão, há uma impressão equivocada de que música clássica é só aquele som divino, que se ouve para relaxar. “Dependendo da peça que você escute, vai ter é pesadelo!”, avisa. “A gente também tem o nosso heavy metal, que seriam obras de Mahler ou Stravinski.”

É comum aplicarem os amigos na música clássica. “Claro que não vamos empurrar um Stravinski goela abaixo. De início, o ideal é ir pelos clássicos mais conhecidos, como a ‘Quinta Sinfonia’, de Beethoven, ‘Pequena Serenata Noturna’, de Mozart, ou ‘Primavera’, de Vivaldi”, lista Rafael.


Jovens em concerto

A carreira de uma nova geração de instrumentistas eruditos pode começar na Academia Jovem Concertante, projeto que organiza processos seletivos para escolher jovens para compor sua orquestra com o objetivo de prepará-los para ser integrantes de orquestras importantes do país.
A AJC também celebra os 450 anos da cidade com um concerto, este focado na obra de Paulo Jobim que contempla a natureza do Rio, no próximo dia 24, na Sala Cecilia Meireles.

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