Rio - Um disco “caliente”. Não só pela participação da sensualíssima Shakira. “É um CD excitante, mas não foi algo pensado para ser assim, foi algo que aconteceu durante o processo criativo. Tem muita sensualidade, mas também muita vitalidade e até uma certa intenção piromaníaca”, descreve o vocalista Fher Olvera, sobre o recém-lançado ‘Cama Incendiada’, nono álbum de estúdio da banda de pop rock mexicana Maná.
“Uma cama em chamas é também uma metáfora de uma realidade ardente que nos impele a pular, a dar um passo adiante. E a cama é um símbolo poderoso. Podemos dizer que é na cama que nascemos, crescemos, nos reproduzimos e morremos. A cama é o grande cenário da história humana!”, filosofa o cantor.
O disco foi gravado nos Estados Unidos, México (Guadalajara, cidade onde a banda se formou) e Espanha, em Barcelona, no estúdio particular de Shakira, onde a cantora colombiana gravou sua participação na faixa ‘Mi Verdad?’.
“Ela é uma estrela internacional, e, quando fizemos esta música, nos pareceu ideal chamá-la para um dueto, por conta do conteúdo da letra”, explica Fher, sobre a canção que traz versos como “Ditadores sem piedade/Que governam sem verdade” — Shakira é embaixadora do Unicef, o fundo das Nações Unidas para a Infância e Juventude, e mantém a Fundación Pies Descalzos, instituição que atende crianças carentes em sua terra natal, Barranquilla, na Colômbia. “Pensamos que ela poderia se identificar com essas palavras e, assim, cantá-las com a alma. E o resultado foi surpreendente, muito emocionante, por isso decidimos colocar ‘Mi Verdad?’ como a primeira música de trabalho.”
O Maná estreou em disco em 1987. Em 1999, gravou um Acústico MTV e em 2000 tocou com o também mexicano Carlos Santana, no megassucesso ‘Corazón Espiñado’, do álbum ‘Supernatural’, do guitarrista. Já se apresentaram no Brasil algumas vezes, participando inclusive do Rock in Rio, em 2011. Àquela altura, eles já eram certamente a banda de pop rock mais bem-sucedida do México, dentro e fora do país de origem.
A produção da banda, no entanto, logo ficaria menos constante — o disco anterior a ‘Cama Incendiada’, ‘Drama y Luz’, foi lançado no já distante ano de 2011, e, ainda assim, quebrando um jejum de cinco anos de seu predecessor. “A ideia agora é recuperar o frescor dos discos iniciais. Buscamos fazer um álbum com mais variedade de gêneros musicais, explorando novas texturas e sons, mas sem renunciar ao estilo que nos caracterizou”, detalha Fher.
A banda tocou na última sexta-feira, na primeira edição do Rock in Rio nos Estados Unidos, em Las Vegas — foi um dos mais pedidos para constar na programação, de acordo com as pesquisas realizadas pela organização do festival. Fher conta que agora eles só querem é gozar.
“Fazer um disco novo é uma experiência de gozo! Claro, gostamos de nos divertir. Por isso em inglês ‘tocar’ se diz ‘play’, que também significa ‘jogar’. É um jogo, que encaramos com muita seriedade, mas que não deixa de ser um jogo divertido”, conclui.