Por clarissa.sardenberg

Rio - O cantor gospel Thalles Roberto está casado há seis anos com Daniela Campos. Parece uma daquelas relações em que um foi feito para o outro, como dão a entender as 14 músicas de ‘As Canções Que Eu Canto Pra Ela’, disco que ele fez inspirado na mulher. Mas Thalles recorda que o romance começou tendo tudo para dar errado.

“A gente se conhece desde a infância, e nossos pais, desde antes de a gente nascer. Só que ela era a menina linda da escola e eu era o filho do vidraceiro. Não tinha nem muito acesso para chegar ali e falar de amor”, diz, lançando seu primeiro disco de repertório secular (não evangélico).

A infância dos dois passou, Daniela foi estudar radiologia em Araraquara (SP), Thalles trabalhou para ajudar os pais e, já cantor, virou backing vocal do Jota Quest. Os dois continuaram amigos e, ele lembra, o abismo continuava. Só que por outras razões.

“Na época do Jota Quest, eu era o maior vagabundo”, brinca o cantor, lembrando do tempo em que se drogava e bebia, antes de se converter. “Dani sempre foi da igreja e eu fui também, mas pulei do jipe. Ela me aconselhava: ‘Você tá muito doido, para com isso.’ Depois nos encontramos, falei para ela do meu sentimento e pensei: ‘Quero ficar com essa menina.’ Mas, para ficar com ela, tinha que deixar Deus atuar. Comecei a orar para conseguir, para ficar ali.”

Cantor Thalles Roberto e a mulher Daniela Divulgação

Músicos de Djavan 

Misturando baladas, soul, MPB e até reggae (em ‘Nega’), Thalles inseriu uma ou outra referência à religião em músicas como ‘Vento Velas’, parceria com Marfiza de França em cuja letra fala: “Vá pedir ao Espírito Santo pra te orientar”. Mas é um disco de amor, em que o cantor, tocando violão e guitarra, trabalha com músicos acostumados a gravar com Djavan, como Paulo Calasans (teclados) e Carlos Bala (bateria).

“Eu sou influente. Só no meu Facebook, são mais de 7,5 milhões de pessoas. Minha mulher disse que todo mundo tinha que conhecer essas músicas. Aí falei para ela: ‘Você tá querendo que eu compre uma briga e passe a cantar música de amor?’”, diz.

De fato, versos como “me esquenta, sugira, me beija” (de ‘Fôlego’) podem cair como uma bomba no conservador meio gospel. “Mas na verdade os fãs nem veem mal, é que tudo depende de como é introduzido. Eu nunca vou deixar de falar de Deus, mas agora falo de cheiro, beijo, amor, homem e mulher”, conta. “Deus é amor, e as pessoas precisam ouvir mais sobre o amor. Mas não aquele amor ‘te pego dali, te pego daqui e te troco depois por fulana’. É um amor romântico, para toda a vida. Misturei isso com MPB, soul, jazz, que são minha base, e fiz um disco bem para cima.”

O tal amor de pegação de que fala Thalles tem mais a ver com as músicas de um amigo seu, Naldo Benny. Naldo, por sinal, participa do show que Thalles faz amanhã na comunidade em que o cantor de ‘Amor de Chocolate’ nasceu, Vila do Pinheiro, no Complexo da Maré.

“Vamos cantar ‘Quero Sua Vida em Mim’. Temos sintonia de irmão, e procuro ser uma referência de Deus para ele. E vou batizar a filha dele, Maria Victoria”, conta.

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