Por daniela.lima

CANNES — Domingo, finalmente, o mundo saberá o nome dos agraciados com a Palma de Ouro do mais concorrido Festival Internacional de Cinema da terra. A decisão está nas mãos do júri presidido pelos irmãos Joel e Ethan Coen, detentores da Palma de Ouro de 1991, com Barton Fink. Mesmo numa seleção de nível fraco, como a deste ano, a escolha nunca é fácil, principalmente diante das regras específicas de premiação do Festival. 

Matthew McConaughey (de branco) e Ken Watanabe em ‘The Sea of Trees’Divulgação


Em Cannes, é proibida mais de uma premiação por filme. Portanto, quem levar o prêmio de Melhor Filme não poderá ser consagrado também com o prêmio de Melhor Ator, Atriz, Direção ou Roteiro. É uma forma interessante de distribuição, que valoriza sobremaneira o vencedor principal, mas não deixa de lado o interesse pelos outros, que de certa forma também poderiam ser merecedores do grande prêmio. Ruim mesmo só para os que ficam de fora de qualquer premiação, como será o caso de Gus Van Sant, cujo filme ‘The Sea of Trees’ foi vaiado de forma constrangedora na sessão de imprensa.

Até o momento, os dois maiores concorrentes à Palma são ‘Mia Madre’, de Nanni Moretti, e ‘Carol’, de Todd Haynes. Digo até o momento porque este artigo foi redigido ontem, antes da exibição dos últimos cinco filmes que completam a mostra competitiva oficial, composta por 19 longas. Porém, dificilmente, Moretti e Haynes não estarão entre os maiores agraciados.

‘Mia Madre’ foi aplaudido durante 20 minutos, cronometrados!, na sessão de gala do Palácio do Festival. O filme é um relato sentimental de uma cineasta em crise criativa que divide a angústia artística com a iminência da perda materna. Arrancou risos e lágrimas do público. Claro que os aplausos não se devem apenas ao filme, mas também ao diretor Nanni Moretti, que, além de já ter vencido uma Palma de Ouro em Cannes, por ‘O Quarto do Filho’, de 2001, já presidiu o júri da competição. Ou leva Melhor Filme ou leva Melhor Atriz, Margherita Buy, a diretora em transe da trama.

A mesma provável combinação deve afetar o belíssimo ‘Carol’, de Todd Haynes. Passado nos anos 50, quando a homossexualidade foi considerada doença mental na América, o filme narra uma forte história de amor entre duas mulheres. No papel principal, Cate Blanchett reina soberana, numa interpretação cuja contenção está sempre por um fio desafiador às normas do status quo.

Aqui, como em ‘Mia Madre’, se ‘Carol’ for Melhor Filme, Cate não recebe a Palma. Seria o mais provável, afinal Cate já é consagrada internacionalmente pelo Oscar e Margherita Buy faz por merecer o reconhecimento do Festival. Enfim, como estamos no terreno das especulações, tudo pode acontecer, inclusive nada do que foi cogitado neste texto. De qualquer forma, na próxima quinta já saberemos, e comentaremos, quem foi quem no 68º Festival de Cannes. Até lá!

Você pode gostar