Rio - Prosseguindo com a série de verbetes afetivos sobre o Rio de Janeiro, hoje com a letra O:
Oscar Niemeyer — Carioca do comecinho do século passado (nasceu em 1907 e viveu 105 anos, até 2012), um dos representantes maiores da arquitetura no Brasil e no mundo, Oscar Niemeyer costumava dizer que “No dia que o mundo for mais justo, a vida será mais simples”.
O grande artista do concreto foi um dos brasileiros mais conhecidos e respeitados no mundo — mais que ele, talvez, só mesmo os “reis” Pelé e Roberto Carlos. Criou, projetou e legou à humanidade obras arquitetônicas de grande porte no mundo inteiro. Só na capital da República, que ajudou a construir, deixou sua marca em ícones como o Palácio da Alvorada, Palácio do Planalto, Itamaraty, Congresso Nacional, Catedral de Brasília, Praça dos Três Poderes, Superior Tribunal Federal e o Teatro Nacional.
Da janela de seu belo escritório, na Avenida Atlântica, Oscar Niemeyer contemplava a praia e as mulheres que inspiraram tanto o seu traço, solto e curvilíneo, refletindo sobre a vida e o trabalho e expressando suas reflexões em pensamentos que nem este:
“A gente tem que ter uma esperança. A luta vem de longe. A vida é um minuto, toda feita de choros e de risos. E vivê-la dignamente deve ser o mais importante para nós. Isso explica o que penso da arquitetura.”
Oswaldo Vitalino (o Padeirinho da Mangueira) — “A situação do Escurinho está ruim como o quê/O Zé Pretinho diz que quer saber da mulher que ele carregou”. Esses versos são de um samba pouco conhecido (‘A Situação do Escurinho’), em resposta a outro que todo mundo conhece (‘Escurinho’), de um compositor que todo mundo sabe quem é: Geraldo Pereira. Mas o autor desses versos também é um sambista brilhante, também mangueirense de primeira hora, contemporâneo e amigo de Geraldo: o grande carioca Osvaldo Vitalino de Oliveira (1927-1987), conhecido no mundo do samba como Padeirinho da Mangueira, um compositor genial.
Padeirinho escreveu obras primas, como ‘Favela’ (parceria com Jorge Pessanha), ‘Linguagem do Morro’ (com Ferreira dos Santos) e ‘Como Será o Ano 2000?’. Foi gravado pelos grandes (Cartola, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, João Nogueira, Germano Matias, Cristina Buarque e Carlinhos Vergueiro entre eles). E cravou seu nome na galeria dos maiorais. Da Mangueira, do samba carioca e da música brasileira.
Não chegou a fazer um disco só seu. Estava tudo preparado para as gravações do primeiro LP acontecerem em 1987, ano em que o sambista morreu.