Por daniela.lima

Rio - Com nove pessoas na formação, o grupo Brasil de Cara está acostumado a driblar palcos pequenos. “Quando o espaço é pouco, a gente invade o do público”, brinca o baixista e maestro Marcelo Bruno. O grupo faz baile hoje no La Carmelita, na Lapa (estão lá quinzenalmente, às terças) e une músicas autorais, ritmos brasileiros — coco, samba, caboclinho, maracatu — a muita interação com a plateia, adiantando os festejos do Dia de São João, 26 de junho. 

Da esq%3A Marcelo (de chapéu) e as vocalistas Lienne%2C Laura e TaináDivulgação


“Nosso trabalho pede um corpo artístico mais performático”, diz a vocalista e percussionista Tainá Louven, formada em Artes Cênicas. “A Lienne (Aragão, voz e percussão) é também atriz, a Laura (Canabrava, idem) é formada em dança. Isso está muito relacionado com nosso show”, diz Tainá. Além delas e de Marcelo, completam o grupo Nando Menezes (bateria), Leo Cortez (percussão e voz), Martin Berger (sax), Pedro Sales (flauta e voz) e Matheus Braga de Miranda (violão).

Com dez anos de existência, o grupo já teve muitas variações na formação, pela qual já passaram mais de 80 músicos. “Eu estudava na Escola de Música Villa-Lobos e resolvi montar um grupo. No começo, eram umas 30 pessoas, mas aí a turma não caberia no palco mesmo”, diz Marcelo. “Demos o nome de Brasil de Cara porque a ideia era mesmo dar a cara do Brasil. Tenho influências de Tom Jobim, Luiz Gonzaga, Egberto Gismonti, Milton Nascimento. Sempre ouvi muito frevo, porque meus pais nasceram no Recife. Isso tudo entrou no nosso som.” O repertório tem versões para músicas como ‘Modinha para Gabriela’ (Dorival Caymmi) e ‘Ciranda da Rosa Vermelha’ (Alceu Valença), mas o principal são temas autorais como ‘Mungunzá’, ‘Venha Viajar’ e ‘Querubins’.

“Eu já vinha conversando com outros integrantes, e a mistura que eles fazem dos nossos ritmos com jazz, rock e música erudita foi o que me atraiu para entrar lá”, diz Laura Canabrava. Ela lembra do dia em que abriram para o Baile do Almeidinha no Circo Voador. Apesar do palco largo, foram para a galera. “Cantamos dançando ciranda com o público. Cada uma de nós cantou uma música. Os músicos também desceram.” Tainá foi outra a se apaixonar pela mescla de ritmos. “Em uma música só, tem coco, xote, frevo... Quando vi o show, antes de entrar, adorei as músicas autorais, como ‘Baiãocatu’, que mistura baião e maracatu.”

O show de hoje vai ter participações: o grupo de violeiros Mula Preta abre a noite e o percussionista paraense Silvan Galvão participa tocando carimbós como ‘Sinhá Pureza’ (Pinduca). “Vamos colocar as pessoas para dançar”, diz Marcelo.

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