Rio - O recém-inaugurado Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro — Cine Odeon trouxe mais opções a um circuito cultural alternativo que resiste através de espaços culturais já consagrados e, em termos específicos de cinema, graças à impetuosidade do rejuvenescido circuito Estação e da pequena joia fora do eixo comercial que é o Cine Joia.

A palavra de ordem do gestor do espaço, o experiente ativista cultural Sérgio Sá Leitão, é diversidade. E o Odeon, de certa forma, por ser o único cinema a perseverar no centro da cidade, palco espontâneo da variedade sócio-político-econômica do Rio, tem o compromisso de eclodir a mistura cultural, sempre com o foco na ampliação do conhecimento difundido pela pluralidade.
Este feriado, por exemplo, traz uma mostra do espírito que norteia as ações do Odeon. Para começar, hoje o centro exibe, sempre às 18h50, o pujante ‘A Estrada 47’, de Vicente Ferraz, vencedor do Festival de Cinema de Gramado, que aborda a ação do soldados brasileiros na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial. No elenco, Daniel Oliveira, Julio Andrade e Richard Sammel, de ‘Bastardos Inglórios’.
A projeção do filme faz parte de um evento maior, a exposição Brasil na Segunda Guerra Mundial, composta de fotos, objetos e até de carros militares do período. O objetivo, além de informar o público sobre o contexto histórico, é criar uma ambiência que complemente a experiência cinematográfica. Trata-se de uma proposta que o Centro Cultural pretende repetir sempre que possível. A mostra, a primeira do novo Centro Cultural, abre hoje e ocupará o espaço até o dia 10 de junho. Gratuita, estará aberta ao público de 12h30 às 21h.
O outro filme em cartaz é ‘Cauby — Começaria Tudo Outra Vez’, a adorável imersão do documentarista Nelson Hoineff no universo de um dos melhores, e mais populares, intérpretes da música popular brasileira. Além de ser um filme para aficionados do ídolo, ‘Cauby’ traça um retrato do período de ouro do rádio brasileiro e até das ações de “marketing”, como usar roupas que fossem facilmente rasgadas pelas tietes, criando assim imagens fortes para serem divulgadas pela imprensa.
Mas o caldeirão vai ferver mesmo sábado, quando o Odeon oferece a sua tela para a transmissão da Champions League entre Juventus e Barcelona diretamente de Berlim. Não será a primeira vez que o espaço servirá de palco para transmissões esportivas. Lembro-me que em 1990 assisti ao jogo de abertura da Copa da Itália entre Argentina e Camarões no Odeon. Foi num dia de semana, à tarde, e a sala estava lotada. Saímos ilusoriamente felizes com a vitória da equipe camaronense sem saber que dali a algumas semanas Maradona entortaria o meio-campo brasileiro e Caniggia nos mandaria mais cedo para casa.
Sábado veremos se Neymar e Messi brilharão também nas telas do renovado, e diversificado, Odeon.