Rio - “Eu só posso lidar com tudo isso como uma grande brincadeira.” Antonio Banderas é bem direto e tranquilo quando responde sobre o fato de seu nome ser, quase sempre, associado à sedução. “Meus olhos funcionam muito bem e, é claro, sempre vejo que estou cercado de homens bem mais interessantes e bonitos que eu. Eu apenas jogo o jogo e me divirto com isso. Se eu fosse mesmo achar que sou irresistível assim, já teria enlouquecido”, afirma durante entrevista no Copacabana Palace. O ator espanhol está na cidade para lançar King of Seduction, sua nona fragrância feita em parceria com a marca Puig — consolidando uma união de 18 anos.

“Meu interesse por perfumes começou depois da sugestão de alguns amigos, que me disseram que eu deveria criar alguma fragrância. No início, hesitei. Depois, passei a gostar. Tanto que já estou nisso há quase 20 anos. É algo que posso fazer de forma paralela à minha carreira no cinema”, explica.
Ao falar da sétima arte, é quase impossível dissociar Banderas de seus trabalhos feitos sob a direção de Pedro Almodóvar. Uma união iniciada em 1982, com ‘Labirinto de Paixões’, e cuja contribuição mais recente aconteceu em 2011, com ‘A Pele que Habito’. Ele exalta o trabalho do cineasta. “Toda vez que alguém faz alguma coisa muito radical, acaba pagando um preço. Pedro foi muito criticado no início porque seu trabalho, de certa forma, estava à frente de seu tempo. Hoje, no entanto, todos o reconhecem como um dos maiores nomes do cinema mundial. Ele é um parceiro querido e, se tudo der certo, voltaremos a trabalhar juntos no futuro”, deseja o ator, que diz não se incomodar mais com o título de ‘latin lover’ que insiste em persegui-lo. “Já fiz dezenas de filmes em Hollywood, interpretando os personagens mais diferentes e, por estranho que possa parecer, ainda tentam me rotular dessa forma. A maneira com a qual eu lido com isso é simples: não me importo. Faço o meu trabalho e deixo que as pessoas me vejam como quiserem.”
Banderas pôde ser visto no ano passado na ficção científica ‘Automata’, na pele de um detetive em um mundo futurista. Assim como seu personagem, ele nutre sentimentos contraditórios em relação à tecnologia.
“Utilizo aparelhos eletrônicos, é claro, mas sou um pouco desconfiado em relação à tecnologia. Veja a internet, por exemplo: ela tanto pode ser um espaço de liberdade quanto de controle. Observo sempre como os aparelhos eletrônicos, como celulares e tablets, afastam pessoas que estão próximas. Na minha casa, por exemplo, proíbo que meus filhos os usem quando estamos juntos. Quero a atenção deles, não que fiquem olhando para uma tela quando estão comigo.”