Por daniela.lima

Rio - Terceiro ano de casamento. Antigamente, o período marcaria apenas os primeiros passos de uma união que duraria uma vida inteira — mesmo que não fosse lá muito feliz. Só que hoje é tempo suficiente apenas para que boa parte dos casais avalie se a relação merece ou não continuar. Hábitos, manias, incompatibilidades, brigas, ciúmes — todos os fatores que podem tornar a convivência insuportável são amplificados em tempo recorde pela vida sob o mesmo teto. Fábio e Miá, personagens homônimos vividos por Fábio Porchat e Miá Mello, conhecem bem essa realidade — é ela que vai desencadear tudo o que acontece na comédia ‘Meu Passado me Condena 2’, que chega aos cinemas amanhã e é sequência da original lançada em 2013, mais uma vez dirigida por Júlia Rezende. 

Fábio Porchat e Miá Mello%3A casamento que nasceu na série exibida pelo Multishow chega à segunda aventura na tela grandeMárcio Mercante / Agência O Dia


“Lembra que antigamente costumavam falar que o casamento tinha que sobreviver à crise dos sete anos? Pois é. Esse tempo caiu para uns três anos. Isso se a relação não durar menos”, avalia a diretora. “Queria falar sobre isso. Sobre como muitos relacionamentos duram pouco hoje em dia. E fazer isso dentro do contexto de uma comédia. No início do filme, vemos um casal que parece ter poucas chances de continuar junto. O público vai descobrir o que acontece a partir desse ponto.”

Júlia não exagera. O início do longa mostra com detalhes que as diferenças entre Fábio e Miá só aumentaram com a passagem do tempo. Ele permanece infantilizado, preso a uma adolescência infinita e com dificuldades para corresponder às exigências e cobranças comuns em uma vida compartilhada. Ela é séria, trabalhadora, arca com a maior parte das despesas da casa, mas, ao mesmo tempo, tem pouco tato para encarar as diferenças do casal com leveza e senso de humor indispensáveis nos momentos de maior tensão. “Ela está mesmo insuportável, no máximo da chatice, mas não sem razão”, teoriza Miá Mello.

"Minha personagem olha para o lado e vê um homem muito engraçado, mas que não leva a relação a sério, que não consegue se comprometer, que não cresceu. Aos poucos, vai perdendo as esperanças na relação.”

Porchat visualiza seu personagem como alguém que não mudou. “Na verdade, ele não evoluiu nada. Permanece o mesmo garoto no corpo de adulto. Essa é a sua principal característica, e é ela que gera os conflitos com o personagem da Miá. Mas, ao mesmo tempo, é ele quem se esforça mais para salvar a relação. No caso do filme, isso ocorre com a ida a Portugal.”

O ator se refere à viagem que o casal faz a Portugal para comparecer ao enterro da avó de Fábio. Será lá que eles tentarão, entre uma série de situações engraçadas e alguns desentendimentos, se reaproximar. Obstáculos a essa reconciliação também vão surgir: os atores portugueses Ricardo Pereira e Mafalda Rodiles — amigos de infância do personagem de Fábio que aparecerão como possíveis interesses amorosos para o casal.

Para Porchat, o que acontece com boa parte das relações reflete o mundo em que vivemos. “Nossa relação com o tempo mudou demais, tudo se tornou muito mais rápido. As coisas acontecem em ritmo bastante acelerado. E essa velocidade chegou aos relacionamentos, como podemos notar. O filme consegue tratar com humor essa situação que atinge tantos casais”, finaliza. 

‘Podemos pensar em nova continuação’

Ver que a produção do filme passou quase um mês em um país estrangeiro faz com que Porchat pense no início da saga de Fábio e Miá, quando ‘Meu Passado me Condena’ surgiu como uma série que teria apenas uma temporada no Multishow, e no quanto o produto cresceu desde sua primeira exibição, em 2012. “Fico com a sensação de que é um filho que cresceu e que apostamos no produto certo”, finaliza. O primeiro longa, de 2013, levou mais de três milhões de pessoas ao cinema.

“No início, economizávamos tanto que várias passagens da primeira temporada foram gravadas no sítio da minha família, em Itaipava. É bom ver o quanto crescemos nesses últimos anos. Podemos pensar em uma nova continuação, desde que tenhamos uma boa história para contar”, avalia a diretora Júlia Rezende.

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