Rio - Aos 27 anos, Pedro Assad Medeiros Torres, o popular Mosquito, estreia em disco com a mesma idade em que Zeca Pagodinho chegou ao mercado fonográfico, em 1986. E não param aí as comparações entre o veterano e o novato — cujo álbum, recém-lançado pela Sony Music (com apoio e direção-geral de ninguém menos que Paula Lavigne), se chama simplesmente ‘Mosquito’.
“Muita gente diz que a gente se parece, pelo porte físico, pelo estilo musical... Sou grande admirador do Zeca, e também do Fundo de Quintal, Bezerra da Silva, Dicró, uma geração que explorava o cotidiano nas letras. Além de cantar samba, gosto de pesquisar, conhecer coisas novas”, conta Mosquito. Ele ganhou a participação do ídolo Zeca na romântica ‘Atalho’. “O (produtor) Max Pierre sugeriu: ‘Que tal chamarmos o Zeca Pagodinho para cantar uma música?’. Pô, por mim ele cantaria no disco todo!”, brinca o cantor, que já esteve na casa do sambista, mas ainda não tem “uma ligação muito forte” com ele.
Outra pessoa muito importante para Mosquito é Xande de Pilares, que o apadrinhou e também está no disco em ‘O Amor Mandou Dizer’, de Xande e Gilson Bernini. Bom partideiro, Mosquito conheceu Xande quando, numa roda, foi convidado por Anderson Leonardo (Molejo) para versar. “Xande viu e gostou. Passou a me chamar para o palco sempre que me via”, lembra o sambista, tímido confesso, apesar da desinibição para versar. “Acabo indo no impulso, comecei assim. E gosto do palco.”
Foi Xande que o apresentou, durante um show do cavaquinista Pretinho da Serrinha, a Paula Lavigne e a Caetano Veloso (de quem relê o samba-reggae ‘Não Enche’, cuja versão agradou bastante ao homenageado) e o colocou na mira da Uns Produções, de Paula. “Eu antes nem tinha o lado compositor, mas gostava de versar, e isso ajudou”, conta.
Ele assina sozinho no disco músicas como ‘Só Por Hoje’ e as bem-humoradas ‘Papel de Bobão’ e ‘O Filho da Mãe’ (dos versos “não brinque com a filha dos outros/porque você pode ter filha mulher”). E a séria ‘O Dono da Favela’, cujo tema são garotos que, de peladeiros na infância, tornam-se traficantes. Um problema que Mosquito, criado no bairro Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, diz não ter visto de perto.
“Tive apenas amigos distantes que foram para esse lado. Todo mundo conhece uma história dessas. Mas minha galera nem era de drogas. A gente sempre foi pouco maluco, não muito maluco”, conta Mosquito. Já as peladas da infância continuam, para ele, até hoje. “Meu negócio era futebol. Eu achava que jogava bem, fiz testes em mais de dez clubes!”, brinca o cantor, que é flamenguista. “Já tentei botar o futebol como tema de uma música, mas ainda não rolou. É um assunto que ainda vou explorar.”
O samba foi uma opção tardia para o magrinho Mosquito, que teve vários empregos e se interessou pelo estilo aos 16 anos, quando ouvia muita música brasileira na casa de um amigo. “Na minha turma, todo mundo tocava alguma coisa, e quis tocar cavaquinho. Quando servi o exército, para matar o tempo, ficava criando versos na cabeça”, recorda.
Solteiro e sem filhos, Mosquito diz não estar em busca de uma namorada. “Ando trabalhando muito”, conta ele, avisando que a personagem do samba ‘Vou Ver Juliana’ (“Juliana é uma preta formosa/cheirosa e vistosa que chama atenção”) não só não é a atriz Juliana Alves, como ele nem sabe se ela existe de verdade. “Vai ver é uma menina que o Tinho Brito (parceiro dele na música) conheceu”, brinca.